O centro de Vitória
Vitória, inicialmente chamada de Ilha de Santo Antônio, começou a ser povoada pelos colonos portugueses por volta de 1537, quando foi doada a Duarte Lemos pelo donatário da capitania do Espírito Santo, Vasco Fernandes Coutinho. Na época, a capital era Vila Velha, mas os constantes ataques de índios, franceses e holandeses ao continente obrigaram os portugueses a se refugiarem na Ilha de Guanaani (“Ilha do Mel”). Nascia assim a Vila Nova do Espírito Santo, cuja fundação, em 8 de setembro de 1551, coincidiu com o início das obras de construção do conjunto arquitetônico jesuítico, formado pela Igreja de São Tiago e pelo Colégio dos Jesuítas (atual Palácio Anchieta). Posteriormente, em homenagem à vitória obtida por Vasco Coutinho na batalha contra os índios goitacases, o nome da Vila mudou para Vila Nova de Vitória.
Nesse tempo, os limites da ilha de Guanaani iam do atual Forte de São João até o morro onde, hoje, funciona a Santa Casa de Misericórdia (mais recentemente, foi pintada uma faixa azul contínua indicando alguns limites do território da antiga Vila). Toda a sua ocupação se concentrou nas partes “altas” do território para dificultar o acesso dos estrangeiros à Vila. E as construções gravitavam em torno da Igreja de São Tiago, construída pelo Padre Afonso Brás para sediar a ordem jesuítica na capitania. Por isso não seria exagero dizer que aí começou Vitória.
Paradoxalmente, no entanto, pouca coisa do tempo de sua fundação ainda sobrevive na paisagem de Vitória. Seus 459 anos de idade – suficientes para colocá-la entre as dez cidades mais antigas do Brasil – foram paulatinamente se perdendo na reconstrução do cenário urbano, de modo que, atualmente, ao contrário de outras cidades que souberam preservar a sua história, quase não se vê marcas dos tempos do surgimento da Vila. Com exceção de uma ou outra construção de caráter religioso ou militar, todos os vestígios dos tempos coloniais foram cruelmente sacrificados ao longo do tempo, principalmente após o grande desenvolvimento econômico que a cidade sofreu no final do século XIX, com o ciclo do café. O antigo arquipélago viu-se quase todo unido por diversos aterros que alargaram a parte “baixa” da cidade; e, no centro, os casarios históricos deram espaço a prédios e construções de pouco apelo arquitetônico. O próprio Palácio Anchieta, edificado sobre o antigo conjunto jesuítico erguido no ano de 1551, foi completamente transfigurado e, a bem da verdade, nada tem de genuíno. A parte mais antiga da construção – as torres da Igreja de São Tiago – foi demolida no início do século XX, ajudando a “renovar” o aspecto do Palácio com o estilo arquitetônico imposto por Jerônimo Monteiro e que até hoje prevalece.
É por isso que o centro de Vitória não chega a ser um “centro verdadeiramente histórico”. Não se vê por aqui aquele conjunto uniforme e preservado de casarios antigos que transportam o turista para os tempos da colonização, tal como em Salvador, Recife, Olinda, São Luiz, entre outras cidades fundadas nessa mesma época. O que há são construções mais ou menos antigas espalhadas e escondidas entre paredes de cimento que o tempo – mas, principalmente, o homem – lhes impôs nos arredores e que, justamente por isso, parecem implorar por um olhar compassivo e generoso do turista, como que se desculpando pela atual composição do cenário, altamente nociva à beleza do conjunto da obra colonial. É esse o olhar que deve acompanhar o turista que visita o centro de Vitória!
Nos próximos posts, você conhecerá os tesouros esquecidos do centro da Ilha.
Realmente o centro histórico de Vitória é fabuloso. Esses dias fiz a rota dos Caramurus e dos Peroás e vislumbrei (mais uma vez!) as construções do centro de Vitória! Já tinha feito esse roteiro antes, quando era monitor na Escola de Ciência Biologia e História e nem sequer a PMV divulgava isso. Realmente as coisas estão melhorando, apesar das visitações ainda não serem muito bem divulgadas para quem realmente mora em Vitória.
Recente fiz um passeio com um grupo de fotografia tb e exploramos o Centro de Vitória.
http://www.grupocliques.com.br/passeios-fotograficos/viii-passeio-fotografico-do-grupo-cliques/
abração.
Tenho um amigo que também participa desse grupo cliques. Wladimir é o nome dele. Conhece?