Uma Catedral fora de contexto
Descendo a Rua Pedro Palácios (aquela que termina bem na entrada lateral do Palácio Anchieta, em plena Praça João Clímaco) você chega à Catedral Metropolitana de Vitória, a mais suntuosa das Igrejas do Centro. Sua imponência chama atenção não tanto por sua beleza, mas por um certo exagero arquitetônico que parece negar por completo a origem colonial da cidade. Quem a visita pela primeira vez nem sequer imagina que bem ali, naquele mesmo local, estava edificada uma das primeiras construções da Vila de Vitória, a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Vitória.
A história da Catedral, portanto, começa muito antes de sua construção. Ela se inicia por volta de 1550 quando o donatário Vasco Fernandes Coutinho ordenou a construção de uma nova igreja por ocasião da transferência da sede da capitania para a Vila Nova. Após a vitória dos colonos em uma das mais importantes batalhas travadas contra os índios goitacazes, a Igreja foi consagrada a Nossa Senhora da Vitória, a mesma que legaria o nome à cidade e se tornaria sua padroeira.
Em 1895, com a criação do Bispado do Espírito Santo, a Igreja Matriz foi elevada à Catedral. Mas, como suas instalações já não comportavam o crescente número de fiéis que a freqüentavam, ela foi completamente demolida para dar espaço a uma Igreja maior e mais “moderna”, bem ao estilo dos novos tempos de prosperidade política e econômica da capital. Foi assim que, em 1918, deu-se início à construção da nova Catedral, cujas obras se arrastaram por quase 50 anos.
O estilo arquitetônico predominante é o neogótico, com destaque para os vitrais estreitos e altos das esquadrias da nave. Sua fachada foi inspirada na Catedral de Colônia na Alemanha (veja uma foto da “original” aqui), com duas torres sineiras em forma de cruz e um frontão minuciosamente decorado, sobre o qual repousa a imagem de Nossa Senhora da Vitória. Lá dentro, porém, não se vê o mesmo capricho arquitetônico ou decorativo que chama a atenção em seu exterior, causando certa frustração em quem entra. Culpa, talvez, das inúmeras interrupções que a obra sofreu por falta de recursos financeiros.
Está na fonte da Catedral, no entanto, o detalhe que mais me intriga. A água jorra por entre a boca de dois sapos verdes virados um para o outro. Até que alguém consiga me explicar a razão desses sapos, nada me tira da cabeça o seu total despropósito, para não falar de mau-gosto.
A Catedral é linda mesmo… E agora você também me despertou a curiosidade sobre os sapos… Vou continuar vindo aqui em busca da resposta, rs!
Bj