Mulheres “trabalhadeiras” de Vitória (1): as Paneleiras de Goiabeiras

publicado por Tiago dos Reis em 25 de julho de 2010
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Ignore as placas indicativas das Paneleiras ao passar pela Av. Fernando Ferrari, em Vitória. O primeiro passo para quem quer conhecer o trabalho desse grupo de mulheres “trabalhadeiras” é seguir em direção à Faculdade Univix, no Bairro Goiabeiras. É que, desde o início deste ano, elas estão instaladas em uma área ao lado dessa Faculdade em virtude das obras de reforma do antigo galpão. Eu, no entanto, precisei questionar a vizinhança sobre o fechamento do galpão para descobrir o novo local.

O antigo galpão

Um novo cenário para um velho ofício. De tão representativa, a fabricação artesanal das famosas panelas de barro pelas paneleiras de Goiabeiras foi registrada como o primeiro bem cultural brasileiro pelo IPHAN em 2002. É uma tradição indígena secular, que vem sendo passada de mãe para filha por gerações sucessivas de mulheres. Hoje todo o trabalho é coordenado por uma Associação (a Associação das Paneleiras de Goiabeiras), fundada em 1987 para proteger os interesses da categoria e lutar por condições objetivas de permanência do ofício. Graças à APG, as panelas de barro capixabas ganharam notoriedade, passando a ser conhecida em todo o Brasil e até mesmo no exterior.

A fabricação das panelas se dá em três etapas: a) modelagem manual da argila; b) queima a céu aberto; e c) impermeabilização com tintura de tanino, um produto extraído da casca do mangue-vermelho que dá a coloração final das panelas. Tudo é feito de forma absolutamente artesanal, tal qual em sua origem. Talvez por isso o entorno das Paneleiras não seja dos mais agradáveis: há muito entulho acumulado, lixo espalhado, fumaça e uma tremenda desordem na paisagem. Tudo isso acompanhado por um certo mau-cheiro que vem do mangue ali do lado. Sem compaixão e respeito pelo trabalho que essas mulheres desenvolvem e, principalmente, por tudo o que elas representam para a cultura capixaba, não há qualquer razão para visitá-las. As panelas de barro estão por toda parte no Espírito Santo (e até na internet; veja aqui e aqui) e o preço que se pratica ali nem é tão vantajoso assim.

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