Polenta com diversão!
- Funiculi, funiculá!
No último final de semana, entre os dias 08 e 10 de outubro, aconteceu a 32ª Festa da Polenta em Venda Nova do Imigrante, município da região serrana do Espírito Santo. E, como não poderia deixar de ser, estivemos lá para conferir e contar os detalhes desse evento, que é um dos mais tradicionais e populares do nosso Estado.
A Festa da Polenta celebra a força das tradições italianas que prevalecem até hoje entre os moradores da cidade de Venda Nova. Para quem não sabe, o município foi fundado por imigrantes italianos que chegaram ao Estado a partir do final do século XIX e enxergaram naquelas terras condições climáticas ideais para reproduzir um pouco de seu habitat natural. A cultura italiana se faz presente em cada canto de Venda Nova: no agroturismo das fazendas que gravitam em torno do município, no tom rosa da pele branca e nos olhos claros da maioria de seus habitantes, na culinária predominante e, claro, nas manifestações culturais, que tem o seu ápice com a Festa da Polenta. É nessa festa que Venda Nova mostra toda a sua “italianidade” para os visitantes e turistas: durante três dias, os moradores se unem voluntariamente para oferecer pratos típicos italianos – cujo protagonista é a polenta, claro – e voltam no tempo – em suas vestes e no cenário – para apresentar um pouco da história e da cultura dos seus ancestrais. Um show de engajamento e tradição!
A festa acontece no famoso “Polentão”, como é carinhosamente chamado pelos moradores o Ginásio Padre Cleto Caliman. Uma estrutura gigantesca é montada para dar conta do número sempre crescente de visitantes. Entre os seus principais atrativos estão:
a) a Casa da Nonna – que reproduz o dia-a-dia das nonnas italianas em suas casas;
b) o Paiol do Nonno – que retrata o ambiente e as atividades desenvolvidas pelas famílias italianas nas primeiras décadas da imigração (há, inclusive, a réplica de um engenho de cana puxado por uma junta de bois!);
Por dentro do Paiol do Nonno
e c) a Vila Cenográfica – que, desde 2004, decora os ambientes onde são servidas as comidas.
No quesito programação cultural, a agenda é extensa. Além de uma dezena de shows musicais com bandas locais e grupos de tradição italiana, a direção da festa sempre escala “âncoras” para atrair o grande público. Nesse ano, Emmerson Nogueira e a dupla sertaneja Leo e Luan cumpriram o papel, nas noites de sábado e domingo respectivamente.
Mas nenhum artista “de peso” consegue ofuscar o brilho da maior celebridade da festa, a Rainha da Polenta. Após a eleição da rainha, que acontece logo na abertura do evento, é para ela que se voltam com mais freqüência os flashes das máquinas fotográficas, os olhares – alguns maliciosos até – dos marmanjos e a maledicência inofensiva (?) das mulheres. Mas nem seria pra tanto. Para ganhar o concurso, a moçoila nem precisa ser tão bela; o que importa mesmo é sua identidade com a cultura italiana.
Esse ano a eleita foi Thaís Zambão Falqueto.
Dois outros momentos tradicionais da festa são ansiosamente aguardados pelos visitantes: o desfile do queijo gigante e o tombo da polenta.
O queijo gigante é produzido 10 dias antes pela Aagrope (Associação dos Agropecuaristas de Venda Nova). No sábado pela manhã, a equipe organizadora prepara um verdadeiro cortejo pela cidade para levá-lo até o Polentão, onde ele ficará exposto. No domingo, o queijo é fatiado e distribuído gratuitamente entre os presentes em meio a uma grande cerimônia.
Mas é o tombo da polenta o momento mais aguardado de toda a festa. Toda a polenta que é utilizada como matéria prima nos pratos típicos é preparada em um caldeirão gigante com capacidade para 1390 litros, instalado bem no meio do ginásio. Ali, 400 quilos de fubá são misturados a outros tantos litros de água e transformados em 1200 quilos de polenta após 5 horas de cozimento. Ao fim do processo, os visitantes são convidados a assistir ao famoso tombo da polenta ao som de “La Bella Polenta”.
Um verdadeiro espetáculo!
No quesito gastronomia, a Festa da Polenta – como o próprio nome sugere – presta uma homenagem à culinária típica dos imigrantes. É polenta pra tudo quanto é gosto: porção de polentinha, porção de polenta frita com queijo, porção de polenta mole com molho, porção de frango a passarinho com polenta, porção de pastelzinho de polenta, além do delicioso almoço com prato típico, que inclui polenta, macarrão, queijo, frango e lingüiça.
Os preços das porções variam de R$3,00 a R$5,00; o do prato típico é R$10,00. O único porém é a fila que você invariavelmente terá que enfrentar para provar cada um desses quitutes.
Aliás, tá aí um ponto que, lamentavelmente, marcou de forma negativa as pessoas que vieram para a festa no último dia, o domingo. A quantidade de visitantes parece ter superado – e muito – as expectativas dos organizadores, pois as gigantescas filas que se formaram entregavam o descontrole e despreparo da cozinha. Os 1130 voluntários que emprestaram sua força de trabalho para a organização da festa neste ano não foram suficientes para evitar “o caos do almoço de domingo”. A espera por um prato típico durava, no mínimo, 1h30m, enquanto no stand das porções sequer era possível estabelecer uma previsão. O tumulto nesse setor foi potencializado porque não havia voluntários nem marcações para organizar a fila e evitar a ação dos espertinhos, que insistiam em “levar vantagem” pra cima dos politicamente corretos. Um marketing altamente negativo para quem conhecia a festa pela primeira vez!
Os transtornos do domingo levaram a organização a publicar um pedido de desculpas no site oficial da festa: leia aqui.
Acredito que a experiência desse ano resulte em mudanças na organização da festa para a próxima edição. Ficou claro que a logística de venda e entrega dos produtos precisa urgentemente de uma reformulação para melhorar o fluxo e o conforto dos visitantes. Mas, enquanto a solução definitiva para o tumulto não é implementada, fica a dica improvisada do “Rotas”: não deixe de conhecer a Festa da Polenta em Venda Nova no ano que vem. Mas faça um favor a sua paciência: vá no sábado!
Oi Tiago,
Muito bom o seu post sobre a Festa da Polenta!
Desde 2005 frequento a festa, e é exatamente como você contou. Faltou apenas falar que além do queijo, temos também a goibada gigante.
Sobre o almoço de domingo sempre vem para a cidade ônibus e mais ônibus de excursão, só para passar o dia de domingo ,e realmente SEMPRE está lotado. Mas as confusões e demoras, que infelizmente ocorreram neste ano, não são sempre vistas. Aliás.. foi a primeira vez em que vi e vivenciei a espera interminável pela comida.
Mas felizmente nossos organizadores perceberam a falha no prepara para atender a tantos turistas, e fizeram um pedido público de desculpa. Tenho certeza de que no ano que vem será MUITO melhor.
Abraços,
Ixi… a goiabada gigante passou despercebida por mim. rs
Mas é isso aí.
Acho que o tumulto desse ano foi anormal e não foi suficiente para apagar o sucesso da festa.
Que venham as próximas!
Olá. Parabéns pelo blog. Sou carioca e moro em Vila Velha há dois anos. Aos poucos descubro maravilhas neste estado e seu blog tem ajudado muito. Estou planejando um passeio até VNI, mas estou com dificuldades de encontrar dicas de hotéis e pousadas. Você tem alguma sugestão??? Obrigada.
Que bom saber disso, Danielle!
Olha só.
Dentro da cidade de VNI o hotel mais interessante que eu conheço é o Alpes.
Mas as pousadas de Pedra Azul ficam bem perto da cidade. Se estiver de carro, acho que vale a pena ficar em uma delas (prefira as que ficam mais próximas à Pedra mesmo) e esticar até VNI.
Qq coisa, pode perguntar! Abs
Valeu Tiago. Anotei as dicas. Abç