Réquiem de um litoral (Parte II): complexo industrial praiano!
Não haveria ocasião melhor para atualizar o nosso réquiem.
No último dia 01 de março, o Conselho Estadual de Meio Ambiente aprovou a licença ambiental para a instalação da Companhia Siderúrgica de Ubu no Município de Anchieta (leia mais aqui). Moral da história: mais um belo pedaço do nosso maltratado litoral é entregue a uma indústria…
Tá certo que, turisticamente falando, a Ponta de Ubu, em Anchieta, já estava devidamente excluída do nosso mapa por causa da mineradora Samarco, que não se cansa de espalhar fumaça e esgoto num dos trechos mais bonitos de nosso litoral! Mas a instalação de uma outra indústria por ali é simbólica e só reforça o foco em um modelo de desenvolvimento que não prioriza a preservação do meio ambiente e nem mesmo leva em conta o potencial turístico do litoral capixaba e os benefícios econômicos e ambientais que a sua exploração poderia trazer.
E antes que você comece a achar que eu sou mais um daqueles ecochatos que vociferam contra o desenvolvimento econômico plantados sobre um contexto de conforto urbano igualmente degradante, eu me adianto: não é que eu seja contra esse novo boom econômico que se anuncia para o Espírito Santo desde que foram lançados os novos projetos siderúrgicos, mineradores e petroleiros por aqui. Eu só acho que, com um litoral tão pequeno, a gente não precisava entregá-lo quase que por inteiro à industrialização!
Não conheço nenhum outro Estado da nossa federação que espalhe tantas indústrias em diferentes faixas de um litoral relativamente pequeno. Só para vocês terem uma noção, aqui no Espírito Santo nós temos: a) Disa e Fibria Celulose (antiga Aracruz) no norte; b) ArcelorMittal (antiga CST) e Vale no centro; e c) Samarco e as futuras indústrias da CSU e Ferrous Resources no sul. Isso sem falar nos portos que gravitam em torno desses núcleos (Vitória, Tubarão, Praia Mole, Portocel e Ponta de Ubu) e nas plataformas de exploração de gás natural e petróleo da Petrobras que afundam em nossa costa de São Mateus à Presidente Kennedy.
Tantos pólos industriais ao longo do litoral capixaba anulam – ou, ao menos, diminuem – as perspectivas de exploração turística de praias belíssimas de nosso Estado. O que falar, por exemplo, de Barra do Riacho, no município de Aracruz, que sofre todo o impacto ambiental – para não falar do fedor!!!!! – causado pela produção da Fibria Celulose. Ou então da nossa querida Itaúnas, que se vê espremida em meio a um deserto de eucaliptos que sustentam não só a produção da Fibria mas também da Suzano, já na Bahia. Ou de Ubu, em Anchieta, cujo mar azulzinho contrasta com um skyline dos mais feios e poluídos do nosso Estado por causa da Samarco. Ou, finalmente, da Praia de Camburi, em Vitória, que, não bastasse o esgoto sanitário que há anos era jogado ali, ainda convive com uma vizinhança incômoda dessas:
É só por isso que eu realmente lamento a forma como a nossa industrialização tem sido conduzida. Se pelo menos ela deixasse algum espaço para a sobrevivência do nosso turismo de praia (não é à toa que o turismo na serra capixaba tem crescido bastante nos últimos anos) já estaria de bom tamanho!
Olá! Trabalho na Editora Fapi e estamos produzindo um livro didático, o qual gostaríamos de ilustrar com a foto do Parque industrial da Fibria Celulose de Aracruz. Caso seja possível, peço que entre em contato pelo e-mail gabriela@editorafapi.com.br
Obrigada pela atenção!