Por dentro dos poços Encantado e Azul
Esse post pertence à série “Outras Rotas” do “Rotas”. Nela, os nossos blogueiros fazem relatos de suas viagens fora do Espírito Santo. Se quiser conhecer mais sobre esses relatos, basta clicar na aba “Outras Rotas” ali no topo do site para ter acesso a todos os posts separados por destino.
No planejamento da nossa viagem, eu deixei a visita dos poços encantado e azul para o dia em que deixaríamos Mucugê em direção a Lençóis. Como o acesso aos poços se faz pela mesma estrada que liga as duas cidades, é possível fazer o encaixe para evitar idas e vindas pelo mesmo lugar.
Saindo de Mucugê, você acessa uma estrada de chão ao percorrer mais ou menos 20 km da BA 142. A partir dali, são mais 19 quilômetros até a entrada do poço azul e outros 3 km para acessar a estradinha que leva ao encantado. Por isso, para quem sai de Mucugê, a melhor opção é ir ao encantado primeiro e, depois, voltar para conhecer o azul. Esse último fica mais próximo da BA 142 que você precisa pegar para ir até Lençóis.
Mas a maior vantagem mesmo dessa opção logística é que, no retorno do poço azul para Lençóis, você não precisará voltar pela mesma estrada que pegou para vir do encantado e que está em péssimas condições. Você poderá “cortar caminho” por uma estrada infinitamente melhor que aquela (peça informações aos funcionários do poço sobre isso) e acessar a BA 142 mais à frente do trevo que você pegou quando veio de Mucugê.
A teoria é ótima. Mas a prática vai depender bastante da sua sorte naquele dia. Não foi o nosso caso. Eu vou te contar exatamente o que aconteceu com a gente. Mas, antes, vou ter que fazer um exercício de autocontrole para não sair soltando impropérios por aí.
São só 10 segundinhos! Guenta aí: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10.
Tudo por causa dos adoráveis adolescentes que estavam hospedados na mesma pousada que nós em Mucugê, lembra (se não, leia aqui)?
Explico.
Havíamos programado de sair para o passeio às 09:00h. Mas, quando fomos tomar café, encontramos os gentis estudantes já a mil, praticamente prontos para sair pro passeio do dia.
Ganha um doce quem adivinhar para onde eles iam!
Bingo!!! Poço encantado!!!
Mas deixa o doce pra lá porque essa resposta era mais que previsível! Não vem, não!
Entramos em desespero! A gente ainda precisava tomar café , finalizar a arrumação das malas e fazer o check-out para, então, partir para o poço. E os adolescentes, ali, de banho tomado, dente escovado, pança cheia, prontinhos para subir no ônibus, cochilar mais um pouquinho, tagarelar durante o trajeto e, ainda, chegar ao poço antes de nós!! Era tudo o que não queríamos! A entrada no poço é controlada e feita em grupos de até 10 pessoas. Se chegássemos depois deles, teríamos que esperar um bom tempo para visitar o poço. E isso atrasaria toda a nossa programação. Nós ainda gostaríamos de ir ao poço azul, conhecer Igatu e chegar a Lençóis!
Resultado: engolimos a comida, fechamos as malas e a conta na pousada em menos de 30 minutos!
“Que alívio!!!”, eu e a Renata suspiramos praticamente juntos. Nós arrancamos com o carro antes mesmo das tias conseguirem convencer as singelas criaturinhas a entrarem no ônibus civilizadamente. Tínhamos tempo de sobra para chegar antes deles!
Mas, como todos sabem, a pressa e a afobação são inimigas da perfeição! Naquela correria toda eu simplesmente me esqueci que estava quase sem gasolina e que precisava abastecer o carro antes de sair de Mucugê. Eu só fui me dar conta disso quando já estava na estrada de chão que liga Mucugê a Itaetê e que dá acesso às entradas dos poços.
“E agora?”, pensei comigo. “Onde é que eu vou abastecer o carro?”
O combustível que eu tinha não era suficiente para me levar aos dois poços e à BA 142, onde eu, provavelmente, poderia achar um posto. Mas, de onde eu estava, o posto mais perto era em Itaetê, bem depois do poço encantado.
Preciso mesmo contar o final dessa história?
Fomos até Itaetê para abastecer o carro. E, quando voltamos ao poço encantado, quem a gente encontra por lá?? Eles mesmos. Os próprios. Os 60 adolescentes que, não satisfeitos em tornar as nossas noites traumáticas em Mucugê, também atrapalharam os nossos planos para aquele dia.
Tá na hora de exercitar novamente o meu autocontrole: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10.
Pronto!
Tivemos que esperar quase 2 horas para, enfim, conhecer o poço encantado. Até cogitamos em inverter a ordem do dia e ir ao poço azul primeiro para depois retornar ao encantado. Mas, para nossa sorte (sim, nós estávamos com sorte!), os adolescentes já haviam visitado o poço azul no dia anterior e voltariam para a pousada depois dali. Por isso, decidimos esperar.
O poço encantado é o famoso poço do raio de sol. Durante um período do dia, entre os meses de abril e setembro, um raio de sol entra por uma fresta e atinge as águas do poço dentro da gruta, realçando a sua cor azul. Mas, durante a nossa visita, o bendito raio não apareceu! O dia estava parcialmente encoberto e a claridade difusa não era suficiente para formar o espetáculo.
Mesmo assim, consideramos válida a visita. O poço é lindo por si só!
Mas é preciso suar a camisa para visitá-lo. São 280 degraus que você desce e sobe para completar o passeio. Bufei só de pensar!
A taxa de visitação é de R$20,00 por pessoa. Na entrada do poço há, digamos assim, uma infra-estrutura de apoio. Tem bar, mesas, cadeiras, banheiro e lojinha de souvenirs. Você não precisa se preocupar com o que levar.
Do poço encantado para o poço azul são aproximadamente 18 quilômetros em estrada de chão, mas a estrada estava incrivelmente esburacada.
Para quem vem de Mucugê, o ponto final da estrada para o poço azul é antes da margem do Rio Paraguaçu. Você estaciona o carro, atravessa o rio de balsa (R$2,00 por pessoa cada trecho) e anda mais 270 metros até a entrada do poço. Mas, se você estiver vindo de Lençóis, vai chegar por uma estrada que passa do outro lado do rio e te deixa na “porta” do poço.
Assim como no encantado, no poço azul também há infra-estrutura de apoio. Ela é até mais diversificada que no primeiro, com mais de uma opção de restaurante de comida caseira para você almoçar.
R$10,00 é o que você paga para visitar o poço azul. E lá você tem uma vantagem incrível sobre o encantado: você pode mergulhar! É indescritível a sensação de flutuar nas águas gélidas, mas cristalinas, daquele poço. Você tem a impressão de estar levitando.
Graças ao Juraci, um funcionário educado e muito prestativo do poço, eu pude retratar essa impressão nas minhas fotos:
Porque, se eu dependesse das habilidades fotográficas da Renata, olha só o que eu teria:
Liga não, amor! Eu te amo mesmo assim!
Leia todos os posts da série “Outras Rotas” clicando aqui.
Eu adorei a foto da Renata! Achei uma coisa meio Monet!
Renata, é pena que o seu marido não saiba reconhecer uma obra de arte quando está diante dela… Beijinhos!
Gente que entende arte é outra coisa! Obrigada pelo reconhecimento, Karol! O Tiago ainda não está no seu nível de sensibilidade e cultura!! rsrs
Beijos!!!
Tiago, show de bola essa postagem, esse lugar então…
Parabéns pelo seu site e pelas fotos, estão demais!
Um abraço!
Olha Tiago, sou professora e imagino o seu sofrimento com esses adolescentes…só essas belas paisagens para compensar tudo isso. Parabéns pelo post.
Em janeiro estarei lá, se Deus quiser e sem adolescentes!!!!!
Aproveite a viagem, Lidia. Tenho certeza que vai gostar!
PERFEITO! Estarei la na semana santa. Você sabe quanto fica essa trilha saindo de Mucugê? Lindas as fotos!
Livia, eu fiz a trilha por conta própria, sem guia.
Não cheguei a ver o preço na Associação de Guias.
Tiago,
Quanto tempo é necessário para sair de Mucugê, fazer estes dois passeios e ir para Lençóis? Sem contar as 2h de espera dos adolescentes, claro! hehehe Aproveito para elogiar seus posts, muito bem feitos, está ajudando bastante no planejamento da minha viagem! obrigada!!
Abs,
Rubia
Rubia, mil desculpas pela demora em te responder. Mas estou sem internet em casa desde o final do ano passado e com conexão bem limitada.
Muito obrigado pela visita e, claro, pelo elogio! 🙂
Considere gastar de 4 a 6 horas para fazer esse trajeto com os passeios. Nós saímos de manhã e, por causa desse contratempo, chegamos à tardinha em Lençóis. Mas, com adolescentes e tudo, valeu muito a pena!
Boa viagem pra vocês e, se precisar de alguma coisa, volta aqui!
Olá estou acompanhando e amando os post!!!! Penso em começar a viagem por Lençóis, 2° capão 3° Mucugê , sou daqui da Bahia. O que vc acha? Obrigada!!!!
Obrigado, Luciana. A ordem que você escolheu está ok.
Gostaria de agradecer todas as suas dicas Tiago, fui visitar os poços agora em maio e segui as suas recomendações, graças a Deus deu tudo certo! Massa de mais o blog, parabéns!
Que bom receber um feedback desse, Emerson!
Muito obrigado!
Boa tarde Tiago, e já parabenizo vc e a Gagriela!!!
seu blog e seus pots não são apenas bacanas, vc consegue transcrever emoções ao ponto de nos deixar maravilhados (com a beleza); irritados (com os adolescentes);com o sorriso no rosto – tipo rindo sozinha – (com o dragão e os adolescentes); curiosos (em conhecer cada personagem descrito por vcs); sua escrita é clara coerente e engraçadíssima, parabéns de verdade.e obrigada pelas informações, estamos preparando nossa viagem para o dia 27/03/2014, e confesso que depois de ler suas postagens minha ansiedade aumentou muuiito, estou louca para conhecer todos os lugares e pessoas descritos aqui.
ah e quando estiver batendo os pezinhos na cachoeira do buracão, vou me lembrar do dragão de assas e tudo(risos).
tbm somos do ES e iremos de carro, se puder quero tirar dúvidas que aparecerão com certeza.
ah desculpa ter errado seu nome , Renata!
rsrsrs
estava conversando com uma gabriela, pensei no seu nome mas escrevi o dela :/ rsrsrrs
Olá Renata e Tiago! Muito legal o relato de vcs! peguei várias dicas para minha viagem daqui a 3 dais. tenho uma curiosidade, qual a máquina usada para tirar as fotos dentro do Poço Azul? Pq tivemos uma experiencia parecida em Bonito e as fotos nao saíram legais devida a ausencia de luz. Obrigada!
Oi, Larissa. Que bom saber disso! Curta bastante porque a Chapada é mesmo inesquecível.
Minha máquina na época era uma Sony HX1. Mas a baixa luminosidade realmente prejudica.