Passeando por Lençóis e arredores

publicado por Tiago dos Reis em 24 de julho de 2011
Compartilhar este artigo:

Esse post pertence à série “Outras Rotas” do “Rotas”. Nela, os nossos blogueiros fazem relatos de suas viagens fora do Espírito Santo. Se quiser conhecer mais sobre esses relatos, basta clicar na aba “Outras Rotas” ali no topo do site para ter acesso a todos os posts separados por destino.

Não é a toa que Lençóis é considerada a capital da Chapada Diamantina. Ela é a maior cidade da região, a mais populosa, a que possui a melhor infra-estrutura turística e a única servida por aeroporto. É por isso que a maioria dos turistas que vão à Chapada opta por montar base lá. Para uma viagem clássica, não há opção mais cômoda, interessante e profissional para se ficar no entorno.

Digo “viagem clássica” porque, a bem da verdade, Lençóis não está assim tão perto de algumas atrações imperdíveis da Chapada. A Cachoeira do Buracão, a da Fumacinha e a vila de Igatu, por exemplo, estão a algumas horas de distância de Lençóis e te exigirão sacrifício e desperdício de tempo em deslocamentos que podem se tornar inviáveis numa viagem de permanência mais curta. Mas não há dúvidas de que, para uma versão light ou fast-food, Lençóis é o melhor lugar para se fixar.

Estando em Lençóis fica fácil ticar os lerês mais tradicionais da Chapada. O Morro do Pai Inácio, as grutas da Pratinha, Torrinha Azul e Lapa Doce, o poço do Diabo, o pantanal Marimbuns, a Cachoeira do Sossego e, claro, as atrações do Rio Serrano e Ribeirão do Meio são passeios que partem de lá pela maior proximidade. E conhecê-los não te exigirá mais que 4 dias inteiros na cidade.

A maioria desses atrativos é de fácil acesso e sequer exigem grande esforço físico. Com um carro alugado, um mapa na mão e um pouquinho de senso de direção você chega facilmente a eles, sem precisar de guia. A única exceção fica por conta da Cachoeira do Sossego, que exige uma boa caminhada pelo leito de um rio.

Reserve seu hotel em Lençóis no Booking.com

Mas, para quem não possui meio de locomoção próprio, Lençóis oferece um sem-número de guias e agências de turismo com mil e uma opção de passeios. Basta pedir indicações na sua pousada e se informar sobre os valores e a programação disponível.

Além da localização estratégica para os principais passeios, Lençóis, em si, é uma atração à parte. Assim como outras cidades da Chapada, ela soube preservar a herança dos tempos do garimpo e ostenta, até hoje, um belíssimo conjunto arquitetônico do final do século XIX.

Tal qual em Mucugê, passear pelas ruazinhas de pedra de Lençóis é uma experiência de retorno ao passado.

Aliás, passear pelas ruazinhas de pedra de Lençóis é também uma experiência de volta ao mundo! Pelo menos na época em que fui (junho), a cidade estava lotada de estrangeiros. Ali eu realmente me dei conta de que a Chapada Diamantina é um produto turístico de padrão internacional. E se tem gente que vem de tão longe para conhecê-la, tá na hora de nós, capixabas, passarmos a visitá-la com mais freqüência! Estamos praticamente do lado, sô!

Como se não bastasse tudo isso, come-se muito bem em Lençóis, pessoal! A cidade tem variadas e excelentes opções de restaurantes, que oferecem da tradicional comida sertaneja à requintada cozinha internacional. Foi lá, inclusive, que nós experimentamos os mais saborosos – e acessíveis – pratos de comida italiana. Engordo só de pensar!

 Mas isso é assunto para outro post.

Os arredores

Nossa lista de prioridades em Lençóis incluía o Serrano, o Morro do Pai Inácio e as grutas Pratinha, Torrinha, Lapa Doce e Azul. E, como só teríamos dois dias inteiros na cidade, optamos por contratar um guia para ganhar tempo: o Adriano, indicado pelo Alcino, dono da pousada em que ficamos.

Pagamos R$160,00 para os dois dias de passeios. Um preço bastante justo a se pagar pela companhia agradável e altamente profissional do Adriano. Recomendo!

No primeiro dia, começamos o passeio percorrendo as atrações do Rio Serrano e Ribeirão do Meio. Era domingo e os lugares que visitamos estavam bem lotados. Mesmo assim pudemos conhecer:

a)  o tradicional espaço do escorrega, onde as pessoas improvisam um toboágua natural num trecho do Ribeirão;

b) as infindáveis piscinas naturais que se formam no leito do Rio Serrano e que fazem a alegria de nativos e turistas em dias de sol;

c) o salão de areia, com suas paredes de formas lunares; e

d) a cachoeirinha, onde pudemos tomar um banho revigorante antes de desistir de esticar o passeio, por mais alguns minutos de caminhada, até a Cachoeira da Primavera.

Ao final do dia, fomos ao Morro do Pai Inácio a tempo de pegá-lo ainda vazio. É para lá que 99% dos turistas de Lençóis se dirigem para assistir a um belíssimo por do sol. Eu, no entanto, abri mão do espetáculo em troca de um fim de tarde de fotos na cidade de Lençóis. Não me julgue, por favor! Eu realmente não sei o que se passava pela minha cabeça ao pensar nisso. Mas quem é que não comete pecados em viagem, hein?

Mesmo sem o pôr do sol no horizonte, o Pai Inácio é lindo! Que vista! Que emoção estar ali em cima, como que abraçando a Chapada! Que sensação gostosa!

O nome Pai Inácio está ligado a uma lenda. Mas eu não vou estragar a surpresa e te contar essa história. Você precisa ouvi-la da boca de um guia – como o Adriano – com encenação e tudo!

A lenda do Pai Inácio encenada pelo guia Adriano

O Morro do Pai Inácio está a 30 km de Lençóis, com fácil acesso a partir da BR 242. Ao longo do caminho, você já se depara com paisagens deslumbrantes de outros morros da Chapada, como os Três Irmãos.

Ao fundo o Morro dos Três Irmãos

Em algum ponto da estrada você vai dar de cara com esse monumento aí debaixo que representa o centro geográfico da Bahia.

E eu lá ia perder a oportunidade de tirar foto disso!

Nosso segundo dia foi dedicado às grutas Lapa Doce, Pratinha e Azul e a uma breve passagem pelo Poço do Diabo, no Rio Mucugêzinho. Esse último é mais um dos 577 milhões (tô exagerando, gente!) de poços de água doce que se encontram ao longo dos rios que correm na Chapada Diamantina, mas se destaca por seu tamanho, por uma cachoeira bem alta e pela infra-estrutura de apoio que te permite aproveitar o lugar como uma espécie de clube a céu aberto.

Até equipamentos de rapel e tirolesa tem para os mais atrevidos!

As grutas da Lapa Doce e Pratinha também são duas das 415 milhões (tô exagerando de novo, gente!) de grutas formadas na Chapada Diamantina. Mas, junto com a Torrinha, que acabamos não conhecendo por falta de tempo, elas são as mais famosas e mais bem estruturadas para visitação.

O acesso às duas também se dá pela BR 242 após a sede do município de Iraquara. Não se preocupe! Há placas indicando o caminho.

Pagamos R$12,00 por pessoa para visitar a gruta Lapa Doce e percorrer os seus 850 metros abertos à visitação pública (ao todo são 22 km de extensão). Lá dentro uma infinidade de estalactites, estalagmites e outras variedades de espeleotemas, cujas formas dão asas a sua imaginação.

Não sei se Julio Verne passou por ali algum dia, mas eu, sim, me senti em uma viagem ao centro da terra.

O passeio todo dura pouco mais de uma hora. Você entra por um lado da gruta – após descer quase 80 metros abaixo da superfície – e sai por outro. À medida que se afasta da entrada, a iluminação vai diminuindo, diminuindo até cessar por completo e se tornar um breu total, minimizado apenas pela luz das lanternas. Em um ponto do trajeto, o guia pede a todos que desliguem as lanternas e façam um minuto de silêncio para que possam “sentir” o nada: a completa escuridão e o silêncio absoluto!

Por cima da gruta

A entrada da gruta

Por dentro da gruta

A saída da gruta

Mas os claustrofóbicos não tem com o que se preocupar! A Lapa Doce é a gruta ideal para vocês: o salão aberto à visitação é amplo, arejado e quase todo plano. Mais tranquilo, impossível!

Bem próximo da Lapa Doce, mais precisamente a 7 km de distância por uma estrada de chão, estão as grutas da Pratinha e Azul. Nelas, o cenário de espeleotemas multiformes dá lugar às águas cristalinas do rio Pratinha que, após correr quase todo o seu percurso embaixo do solo, dá as caras ali.

O leito do rio é coberto por microbuzios e pequenas conchas claras, ricas em calcário e magnésio, que refletem uma cor prata em suas águas. Daí o nome “Pratinha”.

Rio Pratinha

Paga-se R$ 15,00 por pessoa para conhecer as duas grutas, que ficam praticamente “grudadas” no terreno de uma mesma propriedade particular. Por mais R$20,00 você pode fazer uma flutuação de mais ou menos 30 minutos por dentro da Pratinha, rodeado pelos milhares de peixes que vivem ali.

A gruta da Pratinha

De resto, há boa infra-estrutura de apoio com banheiros e restaurante.

Com tantas e tão boas atrações na cidade e nos arredores, fica fácil entender a fama de Lençóis!

Reserve seu hotel em Lençóis no Booking.com

Leia todos os posts da série “Outras Rotas” clicando aqui.

Siga o “Rotas” no Twitter e Instagram
Curta o “Rotas” no Facebook
Compartilhar este artigo:

Comentários

  1. 13 set 2011

    É, preciso voltar à Chapada! Começando por Lençóis, claro.

  2. Ellen
    03 jun 2012

    Tiago, achei super legal seu blog.
    estamos indo agora na 4f para lençois, vc tem ainda o telefone do guia Adriano?
    Ficaremos os 4 dias em lençois, alguma dica extra :)?
    obrigada!!

    • 05 jun 2012

      Xiii, Ellen. Infelizmente, não tenho mais o tel dele, não.
      Mas na sua pousada eles vão te indicar vários, não se preocupe.
      E tudo o que eu fiz em Lençóis está aqui no blog mesmo. Não tenho dica extra pra te dar… 🙂
      Divirta-se.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.