As Lagunas Altiplânicas e o Salar do Atacama

publicado por Tiago dos Reis em 15 de outubro de 2011
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Esse post pertence à série “Outras Rotas” do “Rotas”. Nela, os nossos blogueiros fazem relatos de suas viagens fora do Espírito Santo. Se quiser conhecer mais sobre esses relatos, basta clicar na aba “Outras Rotas” ali no topo do site para ter acesso a todos os posts separados por destino.

Nosso primeiro choque com a diversidade de paisagens do Deserto do Atacama veio já no segundo dia de passeios, com o tour das Lagunas Altiplânicas e Salar do Atacama. Nele a gente se depara com lugares pouco familiares para o cenário tradicional de um deserto e, por isso mesmo, acaba se surpreendendo com a presença de elementos naturais tão contraditórios.

Quem é que, em sã consciência, esperaria encontrar água em pleno deserto? Pois é isso o que você vai ver no tour das lagunas altiplânicas: água. Água em forma de lagoas.

A primeira dela é a Laguna Chaxa, localizada a 62 km de San Pedro. Trata-se de um verdadeiro santuário natural da fauna atacamenha. Um palco belíssimo para flamingos e outras aves andinas!

Não é à toa que a Chaxa seja protegida pela Reserva Nacional dos Flamingos. Se esse for o seu primeiro contato com esses bichos (e dependendo dos tours que você fará no Atacama, você terá muitos outros), você vai se encantar com a leveza, a elegância e a beleza deles.

E vai acumular muitas fotos para – tentar – registrar esse espetáculo!

A Chaxa está encravada na parte oriental do Salar do Atacama, o terceiro maior salar do mundo (atrás de Uyuni, na Bolívia, e Salt Lake City, nos EUA). Por isso, suas margens são cobertas por sal cristalizado que se acumula pela evaporação das águas salinas subterrâneas, as mesmas que ajudam a formar a lagoa.

Nesse cenário, fartamo-nos com um rápido café-da-manhã antes de partir em direção às lagunas altiplânicas.

Depois de sair do salar e acessar novamente o asfalto, fizemos uma pequena parada no povoado de Socaire, só para constar.

Às 11h já alcançávamos os 4.000 metros de altitude das Lagunas Altiplânicas, adentrando, outra vez, na área da Reserva Nacional dos Flamingos. A essa altura você já deveria estar anestesiado com tanta beleza. Mas nenhuma anestesia consegue te deixar imune a isso:

Nem a isso:

Que dirá a isso:

Ali o tour atinge o seu auge de beleza e exuberância! São duas lagoas de águas azuis situadas aos pés de uma cadeia de vulcões cobertos com neve, cujas margens são preenchidas por uma vegetação rasteira e de cor dourada. Acrescente a tudo isso um céu azul e saca só o espetáculo das cores:

As Lagunas Miscanti e Meñiques se formam pelas águas provenientes do degelo dos vulcões de mesmo nome. As águas, que antes escorriam livremente até o Salar do Atacama, tiveram seu curso interrompido por uma forte erupção do Vulcão Meñiques ocorrida há mais de 1 milhão de anos. E assim nasceram as duas lagoas.

Uma trilha demarcada leva até as margens das duas lagoas.

Se sua intenção for percorrer a trilha, não custa lembrar que você está a mais de 4.000 metros de altitude e que qualquer esforço físico que se faça a essa altura vira quase um martírio. É quase impossível não ficar ofegante depois de alguns minutinhos de caminhada!

Este ano, a neve pegou todo mundo de surpresa. Há muito tempo não nevava tanto nessa região. O guia disse que o último inverno foi um dos mais rigorosos dos últimos 25 anos no Atacama e, só por isso, ainda era possível ver tanto gelo acumulado no final do mês de setembro.

E por falar em neve, não posso deixar de registrar o quanto sofremos com o frio nesse tour. Embora cientes da forte oscilação de temperatura que ocorre ao longo do dia no Atacama, a verdade é que nós subestimamos o frio. Especialmente o frio que pegamos no início da manhã, quando ainda estávamos na Laguna Chaxa.

Nossa laaaaaaarga experiência em invernos tropicais nos fez confiar no poder de aquecimento das seguintes roupas: uma calça por cima de uma calça térmica, um casaco por cima de uma camisa de manga longa por cima de uma blusa térmica e, no caso da Renata, um cachecol colorido, daqueles que mais enfeitam que protegem. Deu no que deu: quase congelamos aos pés da Laguna Chaxa, a “meros” 2.300 metros de altitude!

Antes de voltar pra casa, uma última parada no povoado de Toconao, a 38 km de San Pedro. Por causa de suas águas doces, sem arsênicos, a vila se especializou na produção de hortaliças e frutas e é a maior provedora de produtos alimentícios para as comunidades vizinhas.

Quando fomos, uma pequena cerimônia cívica (o Chile ainda comemorava a data de sua independência, 18/09) chamava atenção ao lado de seu monumento mais famoso: a Igreja de São Lucas, a segunda mais antiga do país.

Uma última observação sobre o passeio: se não bastasse a beleza dos pontos de parada do tour, todo o percurso da viagem é sem-noção de belo! Da estrada, que está em boas condições, você começa a se familiarizar com as múltiplas formas do relevo do deserto e percebe o quão incomum e singular é a sua geografia.

Você vê planície, planalto, areia, água, sal, secura, árvore, animais, cerros, montanhas, vulcões e até neve acumulada nos seus topos. E fica a um triz de duvidar que esteja realmente num deserto!

Pelas fotos aí de cima dá para ver que eu fui às forras com as paisagens que se abriam na janela da van! 😀

Informações úteis:

Tour Lagunas Altiplânicas e Salar do Atacama

Tempo de duração: dia inteiro (das 08h às 15h)

Distância percorrida: 250 km

Altitude máxima: 4.000 m

Valor da entrada: Laguna Chaxa $2.500 pesos chilenos / Lagunas Miscanti e Miñiques $2.500 pesos chilenos

Valor médio do tour avulso: $28.000 pesos chilenos

Minha agência: Cumbres Montañas y Trekking, Rua Caracoles, 359-D, Tel: 56-55 560363 ou 56-9 62173623

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Comentários

  1. Liliana
    17 out 2011

    Nossa, de tirar o fôlego! Sei que o cenário ajuda e muito, mas que fotos ótimas! Parabéns aos fotógrafos/blogueiros! Sou uma capixaba que moro fora do Brasil há muitos anos e amo viajar. Já tive a sorte de conhecer vários lugares nesse mundo, mas infelizmente sempre tenho pouco tempo para passear quando vou visitar a familia no Brasil Estou amando conhecer um pouco mais do nosso Estado por aqui e das outras rotas tb. Nota 10 para o blog!
    bjs

  2. marina
    20 out 2011

    Oi Thiago!
    Que bom ver seu relato aqui, estou embarcando para o chile dia 29/10 e mais precisamente para o atacama no dia 04/11. Eu já sabia que vc estava indo para lá porque vi no Vnv, mas não achei que daria tempo de vc postar antes da minha viagem. :))) Gostaria de tirar algumas dúvidas, eu já estava preocupada com o frio… O que vc sugere para que eu fique bem agasalhada, aqueles casacos tipo north face? Eu estava mais preocupada com o passeio dos geysers del tatio, vc fez? Congelou? Outra coisa que eu gostaria de saber é sobre a agência do passeio (é claro que vc achou que era boa, senão não teria contratado), existe muita diferença entre elas de preço e qualidade? vc recomenda a sua? os preços são similares em todas elas? Desculpe tantas perguntas, mas é irresistível querer saber de quem acabou de voltar. Se tiver mais dicas eu agradeço.

    E parabéns as fotos estão maravilhosas.

    • 20 out 2011

      Oi, Marina. É um prazer poder te ajudar!
      Todas essas suas dúvidas serão abordadas por mim nos próximos posts, mas como sua partida está próxima vou adiantar as respostas aqui pra você.
      Realmente, o passeio dos geiseres é o mais terrível, tanto em adaptação, quanto em frio (vou falar sobre isso no próximo post). Deixei-o para o final se possível. O frio pega mesmo no início da manhã e mais à noite. Como nesse caso, a gente sai de madrugada, você pode imaginar o gelo!!!!
      Os casacos tipo North Face são ótimos e muito aconselháveis, tanto os do tipo corta-vento, quanto os de pluma, que esquentam mesmo. Inclusive, lá em San Pedro, tem uma loja da North Face com preços melhores que no Brasil (minha esposa comprou um casaco lá, daqueles de pluma de ganso). Mas só casacos não são suficientes. Nós usamos calça e blusa segunda-pele, blusas e casacos por baixo do corta-vento, um corta-vento e um de pluma, além de meias, gorro, cachecol e luvas, claro. Ao longo do dia, você vai tirar tudo e ficar só de calça e blusa, mas sem essa indumentária toda vc não resiste! 🙂
      Eu não cheguei a congelar, mas minha esposa quase… rs Ela teve queda de pressão lá nos geiseres. Mas foi rápido e depois voltou ao normal.
      Quanto às agências, os preços são quase tabelados, com uma ou outra variação. Mas contratando com uma única agência o seu poder de barganha é grande e você consegue desconto. Tem muitas lá. Eu tive as referências da Silvia do Matraqueando (que foi pela Lickan Antay) e dos Inquietos (que foi pela Grado 10), mas acabei fechando com outra por conveniência do calendário e porque ela também fazia o Salar de Tara (que as outras não faziam): a Cumbres. Recomendo bastante a minha pelo profissionalismo da dona, a Rosana, que nos deu um atendimento bem honesto. E o padrão dos serviços foi bem satisfatório.
      Bom, por enquanto é o que eu lembro.
      Qualquer coisa, é só perguntar.
      Abs e boa viagem!

    • Renata Reis
      20 out 2011

      Ei, Marina!
      Essa roupa toda que o Tiago falou é super necessária para o passeio dos gêiseres. Nós pegamos 10º negativos, mas ainda pode ser pior! rs E mesmo colocando tudo isso, não tem jeito, você vai sentir frio!! Eu congelei, quase que literalmente! rs Mesmo assim, vale a pena! O passeio é perfeito e o frio é recompensado!
      A Silvia, do Matraqueando, tem um post sobre o que levar ao Atacama. Nós seguimos todas as dicas dela, especialmente as do “kit-sobrevivência”. Além do que ela escreveu, te daria só uma dica: leve bepantol para passar nos lábios! E passe sempre! Essa pomada nos salvou! rs
      Boa viagem!

  3. marina
    21 out 2011

    Tiago e Renata,

    Muito obrigada pelas dicas! Eu já tinha lido as postagens do Matraqueando e dos Inquietos também, inclusive o kit sobrevivência já está comprado rsrsrs. Só estou mesmo é com dificuldade para arrumar as malas, como vamos ficar uns dias em Santiago vou comprar o casaco lá que deve ser mais barato. Até meu embarque vou continuar acompanhando os posts, e na volta venho contar como foi o frio e falar do meu hotel. Acabei reservando no escuro já que o Kimal e o Terrantai estavam lotados. Pegamos uma indicação no Trip advisor e vamos ficar no Casa Solcor.
    Obrigada,

    Marina

  4. Anneliese Fischer Thom
    18 mar 2012

    Tiago e Renata, parabéns por vocês se darem este grande trabalho de descrever e ilustrar sua viagem e assim auxiliar tanto quem pretende conhecer este mundo fantástico e ao mesmo tempo não isento de risco – principalmente para a turma da 4a idade que ainda não quer sossego. Vocês viram gente idosa por lá? A foto mais linda: flamingos refletidos nas aguas da lagoa Chaxa.
    Saudações
    Anneliese

    • 19 mar 2012

      Oi, Anneliese! Como é bom saber que o Rotas está sendo útil para você!
      Isso aqui requer muita dedicação, é fato, mas me dá um prazer danado!
      E qto a sua pergunta: nós vimos muuuuita “gente idosa” no Atacama, viu? No Chile a estrutura turística é excelente e vcs não tem com que se preocupar. No quesito hospedagem, então, nem se fala. Tem até hotel no estilo “resort” com todas as mordomias possíveis e imagináveis para compensar o cansaço das trilhas. Tudo é muito organizado.
      Você só deve tomar as precauções básicas por causa da altitude (dessa, ninguém está imune). Mas, de resto, o Atacama está prontinho para receber gente de tudo quanto é idade.
      Renata ficou muito feliz por ter sido citada por você! 😀

  5. Silvia Caleman
    29 ago 2012

    Tiago,
    Estamos com a viagem agendada para o Atacama em janeiro/2013. Pensamos em alugar um 4×4 em calama e fazer os passeios de modo independente. (somos uma familia com 4 adultos) É possível? As estradas sao bem sinalizadas? E os mapas, ajudam para se encontrar as principais atrações? Quais passeios vc sugere q sejam feitos por operadoras? Aguardo seus comentario para decidir pelo aluguel do carro ou não…obrigada por todas as dicas. Abração

    • 29 ago 2012

      Oi, Silvia.
      Confesso que não reparei bem nessa parte porque fiz todos os passeios com excursão. Mas, no geral, a locomoção no Atacama é fácil.
      A maioria das atrações fica dentro de parques nacionais e o acesso até esses parques é fácil, feito geralmente por estradas asfaltadas. Isso vale especialmente para os Vales da Lua e da Morte, Lagunas Altiplânicas, Laguna Cejar e Tebinchique.
      Para o Salar de Tara, já é um pouco mais complicado porque, dentro da área do parque, não há sinalização e você anda no meio do salar. E não sei se tem mapa.
      Já os gêiseres, é um caso à parte. Embora exista estrada até eles, as condições são bem adversas: vc precisa sair de madrugada para pegá-los em atividade no início da manhã. Daí ser bem complicado dirigir por conta no breu e sem conhecer a região. O risco de se perder é grande.
      Por isso, de todas as atrações, eu não dispensaria os tours para o Salar de Tara e os Gêiseres. As outras, talvez, possam ser feitas “por conta”, se vcs gostarem mesmo de se aventurar… 😀
      Boa viagem pra vcs!

      • Silvia Caleman
        29 ago 2012

        Oi Tiago,
        Obrigada pelas informações! Abração!

  6. 29 jul 2014

    Oie, tudo bom?

    Adorei as fotos do seu post! Lindo ver as Lagunas cheinhas de neve. E tão diferentes de quando eu as visitei! =)
    Tomei a liberdade de linkar pra vocês nesse post, ok?
    http://www.thewaytravel.com.br/2014/07/lagunas-altiplanicas-o-passeio-mais-bonito-deserto-atacama-chile.html

    Parabéns, novamente!

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