O tour dos Geiseres del Tatio

publicado por Tiago dos Reis em 28 de outubro de 2011
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Esse post pertence à série “Outras Rotas” do “Rotas”. Nela, os nossos blogueiros fazem relatos de suas viagens fora do Espírito Santo. Se quiser conhecer mais sobre esses relatos, basta clicar na aba “Outras Rotas” ali no topo do site para ter acesso a todos os posts separados por destino.

A Silvia do Matraqueando já havia profetizado: “toda e qualquer vaidade vão areia abaixo no terceiro dia no Deserto do Atacama”! E vão mesmo. Depois de três dias lutando contra a secura do deserto mais seco do mundo, seu cabelo já estará “revolto”, sua pele escamada e seu nariz, boca e olhos ressecados.

Mas tamanho desprendimento estético tem uma valiosa recompensa. No Atacama, a natureza atinge um grau de exuberância tão grande que, dificilmente, as paisagens que você verá ali sairão da sua cabeça! E não há narcisismo algum que sobreviva a isso, pode acreditar.

A verdade é que, a cada tour que a gente fazia no Atacama, a cada nova paisagem que a gente conhecia por lá, eu me sentia em êxtase. Eu mal podia conter o entusiasmo por atender às expectativas que eu tinha antes da viagem e que, como vocês sabem, eram altíssimas.

Agora, imaginem vocês quando essas expectativas eram superadas? Foi isso o que aconteceu com o tour dos Geiseres del Tatio, o nosso quarto passeio no deserto.

O tour dos geiseres é o mais “desafiador” de todos em termos de preparação. Você sai às 04h da madrugada, debaixo de uma temperatura negativa, percorre 100 km por uma estrada bem sinuosa e sobe a 4.300 metros de altitude para chegar até os campos geotérmicos. A impressão que se tem é que praticamente tudo conspira contra o seu bem-estar: o sono, o frio, a trepidação da estrada e a altitude. E se o corpo não estiver preparado para enfrentar tantos fatores adversos, não será difícil sucumbir a eles.

Por isso a recomendação é sempre deixar para fazer o tour dos gêiseres nos últimos dias de sua permanência no deserto. Dessa forma, seu corpo já estará mais acostumado à altitude.

Digamos que, nesse dia, saímos vestidos com 45% do volume total de nossas malas! Era tanta roupa que mal conseguíamos nos dobrar. Nos pés, três meias, uma por cima da outra. Nas pernas, calça segunda-pele, calça por cima da calça segunda-pele e uma terceira calça por cima da segunda calça. No corpo, uma blusa de frio segunda-pele, uma blusa de frio por cima da blusa de frio segunda-pele, uma blusa de manga longa por cima da segunda blusa, um casaco de fleece por cima da blusa, um casaco corta vento e, por cima de tudo, um casaco de pluma de ganso. Nas mãos, uma luva de lã e outra de couro por cima. No pescoço, um cachecol. E na cabeça, um gorro. Dobramos de tamanho, mas resistimos ao frio! 😀

A viagem até os gêiseres dura aproximadamente duas horas. No carro todo mundo aproveita para recuperar o sono interrompido já que não há o que se ver pelo caminho. A escuridão é total.

Na chegada, o deslumbramento é imediato. A imagem que se tem de longe é essa:

Mesmo com a penumbra da madrugada é possível ver – e ouvir – a cortina de fumaça que se forma a partir de fissuras abertas no chão.

E quando se aproxima dessas fissuras vemos que há água sendo despejada no meio do vapor:

O chão literalmente ferve a zero grau!!

A temperatura da água na superfície chega a alcançar surpreendentes 85 graus e o contato com o frio do ambiente externo provoca a condensação do vapor. Além disso, a pressão que se forma embaixo da terra pelo contato do lençol freático com rochas quentes faz a água ser lançada para fora, a uma altura que pode chegar a 10 metros em alguns pontos.

Todo esse espetáculo, no entanto, tem hora certa para começar e acabar. Ele se inicia por volta das 06h e termina no meio da manhã. Por isso é preciso “madrugar” nos geiseres.

À medida que o sol nasce o cenário vai ganhando novas cores. Os tons de cinza, de repente, dão lugar a um colorido incrível!

Uma hora depois da nossa chegada o guia nos serviu o café da manhã.

O convescote recebe a companhia de alguns pássaros que ficam sobrevoando a área atrás das sobras dos alimentos.

Depois disso, nós somos convidados a passear pela área dos gêiseres para ver de perto cada uma das “chaminés”. Em algumas delas, você chega tão perto que pode até se embrenhar no meio do vapor. Mas toda precaução é pouca! Não se deve avançar os limites demarcados no chão para não correr o risco de quedas e queimaduras.

Caminhar naquela altitude toda e com aquele frio congelante não é nada fácil. Rapidinho o fôlego vai embora e o coração acelera, forçando-nos a fazer várias paradas. Por isso a recomendação é andar devagar, respirando profundamente e pelo nariz.

A Renata, minha esposa, teve dificuldade de respirar pelo nariz e acabou sentido o poder da altitude. Ela teve uma queda de pressão e precisou deitar no chão por alguns minutos para se recuperar do pequeno mal-estar.

Tempos depois de servido o café da manhã, o grupo é convidado a tomar um banho na piscina de água termal que fica bem próxima à área dos gêiseres.

Apesar das águas quentes, não tivemos coragem de enfrentar o frio de antes e depois do banho!!! 😀

Na volta para San Pedro do Atacama, o tour faz ainda mais três paradas.

A primeira, bem rapidinha, é às margens do Rio Putana para apreciar o belo cenário e a fauna que se concentra nesse pequeno oásis.

E, por falar em fauna, durante todo o percurso de volta, nós tivemos a sorte de avistar lhamas e vicunhas à beira da estrada.

A segunda parada, um pouco mais demorada, ocorre no povoado quase abandonado de Machuca para fins alimentares e fisiológicos.

É aí que você tem a oportunidade de experimentar duas iguarias típicas da região: o churrasco de carne de lhama e o pastel de queijo de cabra.

Fora isso, a única atração do povoado é a igrejinha pré-colombiana minúscula, que fica num elevado bastante desafiador para o seu fôlego.

Por fim, quase na chegada de San Pedro, uma última escapadinha da van para fotografar a maior estrela vegetal de um deserto: o cacto. Em um certo ponto da estrada, eles aparecem aos montes para a alegria dos turistas.

Eu não podia perder a oportunidade de tirar uma foto-turistão ao lado de um deles:

Afinal, deserto sem cacto não é deserto, não é mesmo?

Informações úteis:

Tour Geiseres del Tatio

Tempo de duração: meio dia (das 04h às 14h)

Distância percorrida: 200 km

Altitude máxima: 4.320 m

Valor da entrada: $5.000 pesos chilenos

Valor médio do tour avulso: $20.000 pesos chilenos

Minha agência: Cumbres Montañas y Trekking, Rua Caracoles, 359-D, Tel: 56-55 560363 ou 56-9 62173623

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Comentários

  1. 29 out 2011

    Que saudades desse lugar! Que fotos maravilhosas, adorei todas, mas aquela primeirinha com a plaquinha do tatio, ficou “muy hermosa”. Abraços! 🙂

    • 01 nov 2011

      Silvia, nem te conto: a inspiração para essas fotos é by Matraqueando!!! 😉

  2. Lorena
    02 mar 2012

    Nossa incrivel suas fotos!!!! Esse passeio deve ter sido superinteressante!!! Eu visitei um ” parque” de vulcão na Nova Zelandia, como é indescritivel a força que tem a terra! Tinha pontos que eu passava e pensava não tem nada aqui e quando dava um passo vi a fumaça e as borbulhas saindo de algum ponto da terra!! Adorei o seu post e a forma que vc escreveu! Quero ir ao Chile ainda este ano e viajar por esse País

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