1º dia no Salar de Uyuni: o Balé dos Flamingos

publicado por Tiago dos Reis em 18 de novembro de 2011
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Esse post pertence à série “Outras Rotas” do “Rotas”. Nela, os nossos blogueiros fazem relatos de suas viagens fora do Espírito Santo. Se quiser conhecer mais sobre esses relatos, basta clicar na aba “Outras Rotas” ali no topo do site para ter acesso a todos os posts separados por destino.

Partimos para o passeio ao Salar de Uyuni às 09:00h numa van que nos levaria até a fronteira da Bolívia. As agências chilenas não podem prestar seus serviços em solo boliviano, por isso elas firmam parcerias com as de lá. Em geral, você vai até a fronteira levado por uma agência chilena e, na Bolívia, pega um carro enviado por uma agência boliviana.

Antes de pegar a estrada para a Bolívia, uma parada no posto da imigração chilena que fica na cidade de San Pedro para os procedimentos de praxe: devolução do ticket de entrada no Chile e carimbo no passaporte. Uma pequena fila se forma porque todos os tours – privados ou coletivos – se encontram ali. Mas, nessa hora, estar num tour privado fez diferença. Nosso motorista, com a condescendência do funcionário da aduana, nos convidou a “furar” a fila para agilizar a nossa partida.

O trajeto de San Pedro até Hito Cajón, fronteira boliviana, dura aproximadamente 1 hora. O início do caminho é o mesmo que se pega para ir ao Salar de Tara. Mas, dessa vez, a gente vai ao encontro do Vulcão Licancabur, que divide os dois países.

Em Hito Cajón, conhecemos o motorista que nos acompanharia por todo o tour, o Elizardo. Ele era o típico boliviano: sorridente, simpático e, de certa forma, ordeiro. Aliás, eu fiquei surpreso – e triste – por constatar que os trabalhadores bolivianos dessa região se comportavam como se fossem inferiores. Deve haver alguma explicação antropológica para isso.

Não tivemos nenhum “contratempo” na imigração boliviana, se é que você me entende. Eu li em vários relatos que a passagem por Hito Cajón pode ser conturbada, a depender do humor dos funcionários. Mas isso não aconteceu conosco.

15 minutos depois e já estávamos iniciando o tour.

De cara, a gente se depara com a primeira de uma série de lagunas que se espalham pelo altiplano boliviano: a Laguna Verde. Mas, embora essa laguna estivesse no nosso itinerário do primeiro dia, junto com a Colorada, o Elizardo nos convenceu a deixá-la para a volta, no quarto dia, quando retornaríamos a Hito Cajón. Segundo ele, haveria tempo de sobra para isso no último dia.

Prosseguimos viagem cortando as paisagens impressionantes do Deserto de Dali. A alusão ao pintor espanhol se deve à presença de algumas formações rochosas que lembram as suas pinturas, como a famosa Árvore de Pedra. Mas, tal como a Laguna Verde, nós só as conheceríamos no último dia.


A primeira parada ocorreu no chamado Termas de Polques, onde há uma piscina natural de água quente aos pés de uma bela lagoa, a Chailiqui.

Originalmente, esse lugar estava programado para ser visitado no último dia do tour. Mas, por alguma razão, o Elizardo resolveu inverter a ordem das coisas. Nós não nos importamos muito com isso porque, de fato, o passeio começa e termina no mesmo lugar. Dessa forma, pelo menos em tese, não haveria prejuízo nessa troca. A gente só não contava que o imprevisto do terceiro dia atrapalharia toda a nossa programação.

Do termas, seguimos viagem até a Laguna Colorada, próxima atração do tour.

De longe e do alto, a gente consegue entender o porquê do nome “Colorada”. A água da lagoa possui uma coloração vermelha devido à presença de micro-algas.

Mas só quando chegamos pertinho dela é que tivemos a real noção da beleza daquilo lá. A lagoa é habitada por milhares… milhões… zilhões… de flamingos!!! Dá uma olhada:

Fala que não é pra se emocionar com um negócio desse?

Para quem já havia se encantado com essas aves lá no Chile, na Laguna Chaxa (veja aqui), quando elas apareceram numa quantidade beeeeeem menor, imagina agora vendo esse multidão humilhante de flamingos na Bolívia!

A Renata ficou maravilhada com aquela visão.

Era até difícil decidir para onde olhar. Os flamingos costumam andar em bandos e numa sincronia impressionante.

A uma certa distância eles pareciam flutuar sobre as águas da lagoa!

Naquele momento, eu já tinha bem claro o título desse post: “O Balé dos Flamingos”. Era só nisso que eu pensava quando observava a leveza e a sincronia dos seus movimentos!

Para completar a indecência do cenário, o branco do sal das margens à frente e da neve dos vulcões ao fundo contrastava com as águas vermelhas da lagoa e causava ainda mais impacto.

Com alguma relutância, partimos depois de 20 minutos.

A paisagem continua impressionando pela janela do carro.

Quando passávamos próximo a esse salar aí de cima, um baita susto. O Elizardo perdeu o controle do carro e, por um triz, não houve um desastre maior. O carro derrapou na estrada por um bom tempo, fazendo um zigue-zague de um lado ao outro da pista. Por sorte, ele retomou o controle do veículo e conseguiu evitar o pior.

Tirando a mudança do itinerário que eu contei acima, esse foi o nosso primeiro incidente real com o Elizardo. Ali o sinal amarelou. Vimos que, apesar de estarmos em um tour privado, também teríamos preocupação com o motorista.

Pouco depois, uma parada para o almoço. Quer dizer, lanche. Nosso almoço nesse dia foi um sanduíche meio improvisado de presunto, queijo, atum e milho verde, acompanhado de Coca-Cola.

Com a barriga cheia, partimos para completar as atrações da tarde.

Em primeiro lugar, uma breve visita ao povoado de Villamar, onde ficam os refúgios utilizados pelos turistas que viajam em tours coletivos.

Pouco mais à frente, a chamada Cidade de Pedra, um amontoado de rochas esculpidas pela ação dos ventos.

Avistando de longe, o nome faz algum sentido.

O mar de pedras continuou no Vale das Rocas, próxima parada.

Em seguida, uma breve visita ao Canion de la Cascada. O nome já diz tudo. Uma enorme garganta se abriu no meio das rochas. Lá embaixo, um rio fez o seu curso.

No percurso seguinte, avistamos algumas propriedades rurais onde pudemos conhecer uma plantação de quinoa, a famosa semente andina.

Antes de cruzar a linha de trem que liga Calama a Uyuni, um grupo de lhamas atravessou o nosso caminho. Entre elas, uma lhamazinha simpática parecia interagir com a minha máquina. Fez altas poses para foto!

A partir daí, seguimos direto para San Pedro de Quemez, onde passaríamos a noite no Hotel de Pedra, um dos hotéis da Rede Tayka.

A Rede Tayka de Hotéis é uma associação entre algumas comunidades do altiplano boliviano e da operadora de turismo Fremen Tours para oferecer alternativas mais confortáveis de hospedagem na rota do tour de Uyuni e, ao mesmo tempo, contribuir para o desenvolvimento econômico e social dessas comunidades. Juntas, elas construíram quatro hotéis sob bases sustentáveis – do Deserto, de Pedra, de Sal e dos Vulcões – em diferentes lugares do altiplano no intuito de fomentar o turismo e a economia local.

Em nossa primeira noite na Bolívia, nos hospedamos no Hotel de Pedra. Para quem leu horrores dos refúgios coletivos, esse hotel é quase um resort. Basta dizer que todos os quartos tem banheiro privativo com água quente, camas confortáveis e calefação. 🙂

O hotel foi todo construído com pedra e areia vulcânica, materiais característicos da região. A energia é de origem solar e provê suficientemente a calefação dos quartos e o aquecimento da água do chuveiro.

Foi aí que tivemos a nossa primeira refeição de verdade. No jantar, nos serviram sopa de sêmola, arroz, frango e legumes.

De sobremesa, panqueca com chocolate.

Não vou dizer que tudo era uma delícia, porque o tempero boliviano não agradou muito o meu paladar. Mas a refeição era farta e equilibrada nutricionalmente. Naquela altura, era isso o que importava.

Continua…

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Comentários

  1. Chayla Castro
    02 jan 2012

    Olá!!!

    Nossa, estou encantada com as fotos de vocês!! Maravailhosas!!!

    Estou programando a minha viajem para o Deserto do Atacama e Salar de Uyuni. Pretendo ir em fevereiro/março!

    Qual época vocês foram???

    Caso possamos trocar algumas informações, ficaria muito agradecida!!

    Abraços,
    Chayla Castro

    • 02 jan 2012

      Legal, Chayla. Se precisar de alguma informação, é só perguntar.
      Nós fomos em setembro, na primavera, e ainda pegamos os topos dos vulcões nevados.
      Na época q vc quer ir, só se certifique quanto às chuvas no Salar, que costumam torná-lo intransitável. Mas dizem que, com chuva, o Salar é ainda mais bonito!

      • Chayla Castro
        02 jan 2012

        Olá, Tiago.

        Era justamente essa a minha preocupação! Chuva.

        Onde vocês adquiriram maiores informações? Vocês me recomendam alguma agência? Eu sou de São Paulo – mas se caso vocês conheçam alguma de outro estado, não há problema.

        Eu vou com uma amiga e não pretendemos fechar pacotes turísticos e ficar à mercê dos passeios…
        Quero comprar as passagens, encontrar e reservar hotéis, os passeios, o traslado e o carro (4×4) por aqui mesmo, se fosse possível. Talvez eu consiga por agência…

        Obrigada!!! E parabéns novamente!

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