Pico da Bandeira com conforto na Villa Januária

publicado por Tiago dos Reis em 12 de fevereiro de 2012
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De repente, a pessoa se encanta com as belezas naturais de um determinado lugar e enxerga nele uma ótima oportunidade para mudar de vida. Ela, então, decide abandonar sua carreira profissional e fugir do caos urbano da grande cidade no intuito de reescrever a sua história. E aí ela percebe que abrir uma pousada é a melhor maneira de viver nesse novo lugar.

Resumidamente, essa é a história de muitos donos de pousada pelo Brasil afora. História que se repetiu com a Cecilia Nakao, dona da pousada Villa Januária, em Pedra Menina – Dores do Rio Preto.

A Cecília é paulista de nascimento e carioca de criação. Trabalhou por 20 anos como aeromoça e rodou o mundo. Mas, depois de uma viagem meio improvisada ao Parque Nacional do Caparaó, ela tomou a decisão que mudou sua vida. Decidiu largar tudo e se mudar para Pedra Menina para viver pertinho do lugar que a encantou.

A Cecília adquiriu a área da propriedade em que ela tentou se hospedar na época. Aos poucos, ela reconstituiu a vegetação do entorno, reformou o casarão centenário e instalou nele a sua pousada, a Villa Januária. O nome – Januária – é uma homenagem à matriarca da família que ali vivia. A arquitetura original do casarão foi preservada ao máximo. Pouca coisa foi modificada na sua estrutura física. Por isso, o ambiente da pousada é de uma típica casa de fazenda do início do século XX, com assoalhos e móveis de madeira e grandes janelas.

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Não há luxo. Tudo é muito simples, acolhedor e bem cuidado.

Na entrada do casarão, uma panela de barro serve de abrigo para várias sandálias de palha. O motivo? A Cecilia é descendente de japoneses e, como tal, guarda a tradição de não entrar em casa com os calçados usados para andar na rua. Não custa dizer que, em respeito à dona da casa, você deve fazer o mesmo, né?

Os quartos do casarão são espaçosos e confortáveis. Mas alguns não tem banheiro privativo. As diárias, na época em que fomos, giravam em torno de R$130,00 (R$110,00 para os quartos sem banheiro).

À noite, o silêncio e a escuridão imperam. Não há televisão nos quartos e nem internet. Você não vai ter desculpa para não relaxar e não se desligar…

Sim, na Villa Januária não tem internet. Nem em Pedra Menina. Mal, mal pega celular. Na pousada, pelo menos o meu, da TIM, não pegava. E isso acaba dificultando um pouco o contato virtual. No site, a Cecilia nem divulga e-mail de contato por causa da dificuldade que ela tem de se manter conectada. Ela até procura, com alguma freqüência, ir a Dores do Rio Preto para descolar uma conexão e responder os e-mails de quem consegue encontrar, via google, o seu endereço eletrônico (villa.januaria@gmail.com). Mas o melhor mesmo, principalmente para quem tem pressa, é entrar em contato por telefone: (28) 3559-3106.

Atrás do casarão, a Cecília construiu dois chalés, com aspecto e decoração mais modernos. Os dois tem uma varanda com vista para o belo Vale do Paraíso.

Aliás, toda a área da pousada está debruçada sobre o Vale do Paraíso. De toda a parte a gente avista os distritos de Pedra Menina e Paraíso, em Minas Gerais. Até mesmo na área do café da manhã, que foi construída com paredes de vidro para preservar a visão da paisagem.

Vale do Paraíso

E por falar em café da manhã, o café servido na pousada é plantado, colhido e beneficiado lá mesmo, com técnicas de produção orgânica. Diz-se que a região do Caparaó oferece condições climáticas perfeitas para o plantio de café arábica de alto padrão devido à altitude, temperatura e umidade. Como se não bastasse, a Cecilia agrega ainda mais valor ao seu grão com técnicas artesanais de produção.

E não é só o café, não. Muito do que é consumido na pousada é produzido organicamente “em casa” ou adquirido entre produtores rurais da região, que é famosa por seu agroturismo.

Alguns dos produtos que a Cecilia fabrica, como biscoitos, brownie, rapadura e, claro, o café, podem ser adquiridos durante sua passagem pela pousada.

A área do café foi construída num espaço apartado, bem em frente ao casarão. À tarde, a Cecilia transforma o lugar numa cafeteria e abre para o público externo, servindo lanches e bolos.

À noite, ela serve o jantar para os hóspedes que o solicitarem.

O jantar não está incluído na diária e é cobrado à parte. Na época em que fui, custava R$25,00 por pessoa, sem bebidas. Um detalhe o faz especialmente inusitado: a comida é do tipo ovo-lacto-vegetariana. Traduzindo: nada de carne! Se você torceu o nariz para isso, tá na hora de rever seus conceitos. Um final de semana na Villa Januária vai ser suficiente para você perceber que comida vegetariana não é só folha e soja.

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Eu só te digo uma coisa: a comida da pousada é deliciosa! Pode perguntar pra Renata, que é carnívora assumida e, até então, se recusava a comer berinjela!!! 😀

No nosso primeiro jantar, os pratos servidos foram:

De entrada, pãezinhos com manteiga temperada e guaca mole acompanhada de massa de pastel frita.

Como pratos principais, arroz de açafrão, lasanha de berinjela, almôndega de abobrinha com molho de pepino e salada grega.

De sobremesa, rapadura.

No jantar da segunda noite, os pratos foram: de entrada, brusqueta e salada temperada com hortelã.

Em seguida, arroz com gergelim preto, berinjela com trigo em flocos, cebola e pimentão desidratado, brócolis frito com shoyu (o melhor!!!!), batatinha passada e dourada na manteiga, além de omelete.

O terceiro jantar começou com uma entrada de ricota temperada com tomate seco. Depois, a redenção dos carnívoros:

Bacalhau ao forno com batata, cebola e alho.

E que bacalhau!!!

Peixe é a única exceção que a Cecília abre na dieta ovo-lacto-vegetariana da pousada. E mesmo assim, não vá contando com isso. Não é sempre que ela consegue fazer esse agrado aos carnívoros.

Acompanhando o bacalhau, salada de tomate cereja com cebola, polentinha com tomate seco, queijo e alho, arroz com couve e peixinho frito colhido na horta.

Peixinho frito colhida na horta? Como assim?

Não me pergunte. Eu só sei que esse tal peixinho frito era, na verdade, a folha de uma planta que a Cecilia colhe na sua horta. Folha, gente! Folha frita! Mas uma folha frita que nem tem gosto de folha frita!!! É sério!!!

A cada novo prato que a Cecilia e suas simpáticas funcionárias nos traziam, eu e a Renata nos surpreendíamos. E nos envergonhávamos intimamente por desconhecer essa variedade da gastronomia, a culinária vegetariana. Você não precisa virar vegetariano para apreciar uma boa comida vegetariana. E um final de semana sem carne não mata ninguém!

Para quem vai à trilha do Pico da Bandeira (veja aqui), a Cecilia oferece um kit lanche para recarregar as energias. Basta pedir com antecedência. O nosso tinha sanduíche de queijo branco com tomate seco, biscoito de aveia com amendoim, rapadura, brownie, banana e água. Tudo produzido na pousada, claro.

E para quem volta da trilha, a Cecilia oferece bolsas de água quente para minimizar as suas dores musculares. Vai por mim. A não ser que você seja um montanhista profissional, é quase improvável que você volte ileso da trilha ao Pico da Bandeira.

Aliás, para quem quer fazer a trilha do Pico da Bandeira a Villa Januária é a pousada mais bem localizada do Circuito Caparaó Capixaba. Ela fica bem às margens da estrada que liga Pedra Menina à portaria do Parque.

Além da Villa Januária, a Cecilia também comanda a Agência de Viagens Serra do Caparaó Ecotur, em Pedra Menina, junto com uma sócia. Essa é a única agência de viagens de Pedra Menina. Lá você pode se informar sobre todos os passeios disponíveis e contratar condutores locais para a trilha do Pico da Bandeira. Você pode, inclusive, alugar um transporte para levá-lo até a Casa Queimada caso não tenha carro próprio ou prefira não utilizá-lo na trilha.

A mim, pelo menos, pareceu que a vinda da Cecilia para o Caparaó Capixaba fez muito bem para o turismo da região. Seus empreendimentos deram uma nova cara ao trade turístico local. Uma cara bem diferente daquele estilo “amador desleixado” de antes, quando as únicas opções de hospedagem eram as casas participantes do Projeto Cama e Café do Governo do Estado (um dia eu falarei sobre esse projeto aqui no blog). Além disso, ela vem se mobilizando pela união de esforços e pela transformação do Caparaó Capixaba como um destino turístico altamente viável e rentável.

 É por isso que eu só posso torcer para que, como toda boa história, a da Cecilia Nakao, a aeromoça paulista que largou tudo para viver no Caparaó Capixaba, também tenha um final feliz!

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Comentários

  1. 13 fev 2012

    Oi, Tiago! Tudo bem?

    Seu post foi selecionado para a #Viajosfera, do Viaje na Viagem. Dá uma olhada em http://www.viajenaviagem.com

    Até mais,
    Bóia

  2. 13 fev 2012

    Eu já tinha gostado da pousada no início da descrição, mas quando chegou na parte das comidas… Hum!!! Tenho certeza de que iria mesmo adorar! 🙂

  3. Ana Paula
    15 fev 2012

    Lindas fotos!
    Adorei o lugar tb!!

  4. Ana Paula
    15 fev 2012

    Lindas fotos, Olugar também! Belíssimo….. as comidinhas parecem óoooooooootimas
    Parabéns!

  5. Hugo Loureiro
    16 fev 2012

    Thiago, mais uma vez um post muito bem escrito. Parabéns. E o legal, sempre batendo ponto no blog do capitão. 🙂

    • 17 fev 2012

      Ser selecionado para o #viajosfera do ViajenaViagem é a melhor parte, Hugo! Muito orgulho! Abção

  6. Josi Zordan
    01 mar 2012

    Que lugar lindo!
    Adoro lugares assim, com ar de história, em cada pedacinho lembrado e valorizado… tras uma paz de espírito, esse estilo rustico e acolhedor.

  7. Carminha Perim
    21 maio 2012

    Bom Dia!
    A Villa Januária é isso tudo e um pouquinho mais. Para completar faltam, somente, o cheiro da montanha e o carinho da Cecília. Recomendo. Parabéns.

  8. Miriam Morgado
    09 jul 2015

    Conheço o Pico pelo lado capixaba, uma beleza! Conheço também a Pousada Vila Januária, maravilhosa! Falta mesmo aqui é o telefone pra gente fazer reservas…quando fui lá pra conhecer esqueci de ver se tinha algum folden, queria poder ligar agora.Abraços. Convido vocês pra conhecerem o Camping Recanto do Sol Brilhante em Prado-Bahia, tem uma página com o mesmo nome no facebook.

  9. Esther
    02 nov 2020

    Dona antipática. Não entende nada de café, quiçá de vinho, as duas garrafas que consumi, além de caras, pareciam vinagre. Bebam cerveja e traga café de casa. Lugar por um outro lado, maravilhoso.

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