Uma visita às 4 Basílicas Papais de Roma
Esse post pertence à série “Outras Rotas” do “Rotas”. Nela, os nossos blogueiros fazem relatos de suas viagens fora do Espírito Santo. Se quiser conhecer mais sobre esses relatos, basta clicar na aba “Outras Rotas” ali no topo do site para ter acesso a todos os posts separados por destino.
Você pode não ser católico ou ter um espírito altamente crítico em relação aos atos da Igreja. Mas uma coisa você precisa dar a mão à palmatória. A Igreja Católica soube, como ninguém, preservar a sua – e a nossa – história.
Digo isso olhando para o meu próprio umbigo: a parte visível e preservada da história do meu Estado, por exemplo, está quase toda nas mãos da Igreja Católica, como eu comentei aqui. Não fosse a presença ofuscada da Capela de Santa Luzia, lá no Centro de Vitória, ninguém sequer acreditaria que essa capital moderna e espelhada foi fundada em 1551 e é uma das 10 mais antigas do país.
Por isso que, quando a gente vai em busca de história, a gente geralmente inclui igrejas no nosso roteiro. Eu, particularmente, gosto muito de igrejas. É claro que eu gosto especialmente por ser católico. Mas eu gosto também por um motivo mais “turístico-pagão”, se é que você me entende: nenhum outro lugar público – e quase sempre gratuito – espelha tão bem a arte e a história de uma cidade como suas igrejas.
Em Roma, berço do catolicismo moderno, não poderia ser diferente. Nosso roteiro na cidade estava repleto de igrejas.
Mas 4 dessas “igrejas” nos eram especialmente caras: São João de Latrão (San Giovanni in Laterano), São Paulo Extramuros, (San Paolo fuori le mura), Santa Maria Maior (Santa Maria Maggiore) e, claro, São Pedro (San Pietro), a sede do Vaticano. Para quem não sabe, essas são as 4 Basílicas Papais de Roma.
E o que isso quer dizer? Pra ser sincero, não sei dizer exatamente o porquê. Só sei que a visita a uma dessas 4 Basílicas, junto a outras condições previstas no direito canônico (veja aqui), também pode te garantir a indulgência plenária, aquela que “zera” os seus pecados, lembra?
Ou seja, você não precisa estar em Roma na Páscoa ou no Natal e assistir à missa na Praça São Pedro, como a gente fez (veja aqui), para conseguir a indulgência plena de seus pecados. Você também pode consegui-la em qualquer época do ano fazendo “uma visita piedosa, em grupo ou singularmente, a um dos próprios lugares jubilares [entre os quais se incluem as Basílicas Papais de Roma], fazendo ali a adoração eucarística e piedosas meditações, concluindo-as com o “Pai Nosso”, o “Credo” e uma invocação à Virgem Maria”. Melhorou, né?
Visitar as 4 Basílicas Papais é bem fácil e pode ser feita num mesmo dia. Todas elas estão próximas a estações do metrô de Roma, o que facilita bastante a locomoção.
Nós começamos a peregrinação pela Basílica de São Paulo Extramuros, a mais longe delas. Para isso, pegamos a linha B do Metrô, em direção a Laurentina, e saltamos na estação que leva o nome da Basílica (Basílica San Paolo).
Aqui vai um mapa do metrô de Roma para você se localizar melhor:
São Paulo Extramuros é a segunda maior basílica de Roma, ficando atrás apenas da Basílica de São Pedro. Foi um bom começo para a sessão “boca-aberta” do nosso dia.
Tal como em todas as outras, há muito luxo e suntuosidade lá dentro. Dá só uma olhada:
Mas a principal atração da basílica está mesmo no seu subsolo. Bem embaixo do altar-maior se encontra o sepulcro daquele que dá nome à igreja: o Apóstolo Paulo.
A próxima parada foi na Basílica de Santa Maria Maior (veja aqui). Dessa vez, pegamos o metrô (linha B) na direção contrária, sentido Rebbibia, e saltamos na estação Cavour. De lá até a Basílica são 10 minutos de caminhada.
Construída no século V, Santa Maria Maggiore é a igreja mais antiga do mundo dedicada à Mãe de Deus. Lá dentro, há um relicário que, segundo informações do site oficial, possui um pedaço da manjedoura onde nasceu Jesus.
Não é difícil se deslumbrar com os detalhes que fazem desta uma das igrejas mais adornadas de Roma:
Do lado de fora, essa torre de sinos à direita da basílica prejudica um pouco a composição da foto:
Mas, na Idade Média, época em que essa torre foi construída, eles não deviam estar preocupados com isso, né?
Em seguida, fomos para Basílica de São João de Latrão. Para acessá-la, é preciso pegar a linha A do metrô de Roma. Por isso, nós caminhamos até a estação Vittorio Emanuele, que fica a 10 minutos de caminhada da Basílica de Santa Maria Maggiore. Ali, é só pegar o metrô no sentido Anagnina e parar na estação San Giovanni.
San Giovanni in Laterano (veja aqui), como ela é conhecida em italiano, é considerada a “Mãe e Cabeça de todas as Igrejas de Roma e do Mundo”, o que a coloca, inclusive, acima da Basílica de São Pedro. Ela foi fundada pelo imperador Constantino (o de Constantinopla, lembra?) no século IV. Mas foi reconstruída diversas vezes até atingir o seu formato atual em 1589.
Esculturas de Cristo e dos apóstolos ornamentam a entrada da Basílica. Lá dentro o mesmo luxo e suntuosidade das demais:
O site oficial da Basílica diz que a Scala Santa, a escada na qual Jesus Cristo teria subido no julgamento com Pôncio Pilatos, está guardada nela. Mas eu só fui saber disso na hora de redigir esse post.
De lá a gente acabou não indo para Basílica de São Pedro. Deixamos para visitá-la no mesmo dia da nossa ida ao Museu do Vaticano, programada para a quarta-feira. Mas, caso queira, você pode muito bem encaixá-la no final desse périplo.
No final, repito. Porque não convém ir à Basílica de São Pedro com pressa ou com hora para sair. São Pedro requer calma e paciência. Calma para apreciar os detalhes da igreja mais impressionante e simbólica do catolicismo; e paciência para conseguir entrar nela.
Quase sempre você vai enfrentar uma filazinha para passar pelo raio-x do esquema de segurança da basílica. As roupas também são “fiscalizadas” nesse momento. Não custa lembrar que você está entrando num templo religioso e, por isso mesmo, respeito é bom e todos gostam. Em regra, você não deve ir com os joelhos e os ombros descobertos.
A partir do raio-x, você tem duas opções: entrar direto na Basílica pela porta principal ou ir para a entrada lateral e subir diretamente à cúpula.
Nós optamos pela segunda alternativa e subimos à cúpula primeiro. A subida é controlada e paga. São dois preços: 5 euros para subir os 520 degraus a pé; ou 7 euros para pegar um elevador e poupar suas pernas dos 231 primeiros degraus. De toda forma, mesmo na opção mais “cômoda” você vai ter que subir 320 degraus numa escadinha que, a certa altura, se torna claustrofóbica e em espiral.
Se compensa? Veja você mesmo:
Mas se a preguiça falar mais alto, você pode fingir se contentar com a vista que se tem ali, na altura das estátuas de Bernini, onde para o elevador:
Nada mal, né? Em todo caso, uma visão de 360º graus da cidade de Roma você só tem lá de cima.
Na volta da cúpula, a gente entrou novamente na basílica e e deu de cara com ela:
A “estrela” das esculturas da Basílica de São Pedro:
A Pietá, de Michelangelo. Não se espante com a multidão de gente que você vai ver ao redor dela. Todo mundo ali está querendo tirar a mesma foto que você.
Também é de Michelangelo o projeto do domo da basílica.
Embaixo do domo, fica o altar papal. Embaixo do altar papal, fica a cripta onde o Apóstolo Pedro foi enterrado.
Vários outros papas também estão enterrados na basílica. Alguns ficam lá dentro mesmo, como o Papa João Paulo II, cuja sepultura é bastante visitada. Mas a maioria está numa gruta que fica no subsolo.
Para quem vem da Basílica de São João, chegar a São Pedro é fácil. Basta pegar a linha A do metrô de Roma na estação San Giovani, em direção a Battistini, e descer na estação Ottaviano “San Pietro”. Você estará a um passo de completar o périplo pelas 4 basílicas papais de Roma.
Quanto à indulgência plenária… bom, isso aí já é por sua conta, né?
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Ainda mais vontade de conhecer a Basílica de São Pedro!
Ótimo post, Tiago!
Tiago,
É realmente um passeio imperdível, com certeza a gente volta muito mais católico de Roma, não é?
Gostei dos posts da viagem, só aqui para eu saber como foi….
Beijos
ahahaha é vero, Ju! Mas a gente quase não se encontra no trabalho mais… 🙂
Olá Thiago, tudo bem? Estou aqui pesquisando sobre as 4 basílicas papais e surgiu uma dúvida: para visitar a Basílica “São Paulo Extramuros” precisa fazer alguma reserva? E a entrada, é cobrada? Obrigada!
Oi, Mariana! Ô inveja da viagem de vocês, hein? 😉
Não precisa fazer reserva, não. E a entrada é totalmente gratuita, como quase todas as Igrejas de Roma.
Abs
Nem me fala!! Estou numa ansiedade só!! Espero que eu supere as minhas expectativas em relação à Europa. Muito obrigada mais uma vez!!! Ah! Suas dicas estão sendo fundamentais!!! Abs!!
Boa noite.
Grata pela apresentação.
Tem como fazer essas visitas a pé? São distantes. Tem como marcá-las no mapa de roma?
Obrigada julia maria