As feiras de rua em Vitória
Quando a Associação dos Supermercadistas do Estado do Espírito Santo firmou aquele polêmico acordo com o Sindicato dos Comerciários para proibir a abertura dos supermercados da Grande Vitória aos domingos (veja aqui), muita gente reclamou. “Vitória é uma província mesmo!”, gritava um de cá. “Em nenhum outro lugar do universo uma coisa dessas acontece”, respondia outro de lá.
Eu também reclamei horrores. Não vejo nenhuma razão plausível para justificar uma decisão dessas. Mas, talvez, a revolta contra mais uma ação da Acaps empurrada guela abaixo dos consumidores capixabas (a outra era a tal venda de sacolinhas biodegradáveis… mas deixa pra lá), tenha me impedido de ver o lado bom da coisa. Supermercado fechado aos domingos é uma ótima desculpa para a gente ir à feira. E feira de rua é o que não falta em Vitória.
Só aos domingos são 4 feiras de rua: Consolação, Maruípe, Santa Martha e Vila Rubim. 4 oportunidades para você abastecer a sua despensa com frutas e verduras fresquinhas ou simplesmente comprar os ingredientes que você precisa para fazer aquela moqueca de última hora.
E mesmo nos dias de supermercados abertos, não faltam opções de “supermercados a céu aberto”: além das feiras dominicais, Vitória tem outras 14 feiras de rua ao longo da semana espalhadas por vários cantos da cidade. Dá só uma olhada no calendário oficial:
Nome |
Endereço |
Bairro |
Dia da semana |
Hora de início |
Hora de término |
Feira de Gurigica |
Rua Construtor Camilo Gianordoli |
Consolação |
Domingo |
06:00 |
12:00 |
Feira Livre de Maruípe |
Av Coronel José Martins De Figueiredo |
Maruípe |
Domingo |
06:00 |
12:00 |
Feira Livre de Santa Martha |
Rua João Batista Martinho |
Santa Martha |
Domingo |
06:00 |
12:00 |
Feira Livre da Vila Rubim |
Rua Horácio Rangel Loureiro |
Vila Rubim |
Domingo |
06:00 |
12:00 |
Feira Livre do Bairro República |
Av Presidente Castelo Branco |
República |
Terça-Feira |
06:00 |
12:00 |
Feira de Produtos Orgânicos |
Pc Papa João Paulo II |
Enseada Do Suá |
Quarta-feira |
17:00 |
21:00 |
Feira Livre de Itararé |
Rua Daniel Abreu Machado |
Itararé |
Quarta-Feira |
06:00 |
12:00 |
Feira Livre de Jardim da Penha 2 |
Pc Conjunto Dos Estados |
Jardim Da Penha |
Quarta-Feira |
06:00 |
12:00 |
Feira Livre de Santo Antônio |
Rua Archimimo Mattos |
Santo Antônio |
Quarta-Feira |
06:00 |
12:00 |
Feira Livre da Praia do Canto |
Rua Constante Sodré |
Praia Do Canto |
Quinta-Feira |
06:00 |
12:00 |
Feira Livre de Jardim Camburi |
Rua Carlos Romero Marangoni |
Jardim Camburi |
Sexta-Feira |
06:00 |
12:00 |
Feira Livre de Santa Lúcia |
Rua José Teixeira |
Santa Lúcia |
Sexta-Feira |
06:00 |
12:00 |
Feira Livre de Maria Ortiz |
Av Professor Fernando Duarte Rabelo |
Antônio Honório |
Sábado |
06:00 |
12:00 |
Feira Livre de Caratoíra |
Rua Presidente Arthur Bernardes |
Caratoíra |
Sábado |
06:00 |
12:00 |
Feira Livre do Centro |
Pc Ubaldo Ramalhete Maia |
Centro |
Sábado |
06:00 |
12:00 |
Feira Livre de Jardim da Penha |
Rua Comissário Octávio Queiroz |
Jardim Da Penha |
Sábado |
06:00 |
12:00 |
Feira de Produtos Orgânicos |
Rua Arlindo Brás Do Nascimento |
Santa Luíza |
Sábado |
06:00 |
12:00 |
Feira Livre de São Pedro |
Rua Natalino De Freitas Neves |
São Pedro |
Sábado |
06:00 |
12:00 |
Sem falar que, na feira, a gente não se sente coagido a adotar práticas ambientalmente corretas por conta de um discurso altamente hipócrita dos supermercadistas. A gente não só pode, como deve optar por sacolas retornáveis para guardar as nossas compras. Mas, pelo menos na feira, ninguém quer lucrar em cima de nós vendendo sacolinha.Pra que se estressar com carrinhos, senhas, sacolinhas, filas e mais filas nos caixas dos supermercados, hein? Vá à feira, meu rei!
Aliás, tem coisa mais politicamente correta do que ir à feira? Você melhora a qualidade da sua alimentação, ajuda a fortalecer a agricultura familiar capixaba e não engorda os já polpudos bolsos dos donos de supermercados do Espírito Santo (associados à Acaps). Ou seja, é uma causa alimentar, social e política, gente!
Mas veja bem. Ir à feira não deveria ser apenas um quebra-galho para quem não tem supermercados aos domingos. Ir à feira deveria ser um hábito extramente prazeroso para nós, capixabas. Feira de rua é o melhor lugar para se conhecer e experimentar os cheiros e sabores de uma cidade. É assim no mundo todo. Seja no Rio ou em Paris, não há quem resista a um passeio contemplativo ou sensorial pelos corredores coloridos e perfumados de uma feira.
Ainda mais quando esse corredores tem a variedade e a qualidade dos produtos que se vê nas feiras de Vitória. Temos de tudo um pouco: frutas, verduras e legumes fresquinhos, carnes, pescados e frutos do mar, temperos, biscoitos caseiros, queijos, mil e um produtos do agroturismo das nossas montanhas, flores e muitas outras coisas.
Nesse “muitas outras coisas” eu destaco as comidinhas. Tem comidinha de feira que já virou tradição em Vitória. O pastel da Barraca do Japonês é uma delas. Poucas coisas aqui em Vix são tão unânimes quanto esse pastel. Ele atrai gulosos de toda a parte (né, Egydio? né, Vinícius?) e já ganhou até prêmio de “o melhor pastel da cidade” na última edição do Veja Comer e Beber Espírito Santo (veja aqui).
São três oportunidades de experimentar o pastel da Barraca do Japonês: a) às quintas-feiras, na Praia do Canto; b) às sextas, em Jardim Camburi; e c) aos sábados, em Jardim da Penha. A unidade custa R$3,00.
Mas o pastel do Japonês não é a única atração calórica das feiras de rua em Vitória. Na Feira de Jardim da Penha, por exemplo, esse pão com carne (R$6,00) de uma barraca que não tem nome (foi a própria dona que me disse isso) também merece ser louvado.
A “Barraca do Pão com Carne” fica quase em frente à do Japonês. Na dúvida, é só ir atrás do cheiro! 😉
Em Santa Luíza (apesar de ser conhecida como Feira do “Barro Vermelho”) e na Enseada do Suá as feiras de rua tem um atrativo a mais. Elas são inteiramente dedicadas a produtos orgânicos. Nelas você tem a oportunidade de levar pra casa produtos fresquinhos cultivados por agricultores familiares sem nenhum agrotóxico.
Mas a grande novidade da feira da Enseada do Suá, na Praça do Papa, é o seu horário. Ao contrário das outras, ela funciona à tardinha, das 17:00 às 21:00. É uma mão na roda para quem trabalha no centro da cidade (\o/) e tem uma certa preguiça de acordar cedo (\o/).
Ir à feira depois do trabalho se tornou uma opção bem mais conveniente.
Por isso que eu digo: com tantas e tão boas opções de feiras de rua em Vitória, supermercados fechados aos domingos não chega a ser uma coisa tão ruim assim, né? 😉
P.S.: agradeço à amiga Letícia Peixoto pela cessão das fotos da Feira de Santa Luíza (ou Barro Vermelho).
_______________________________
Siga o “Rotas” no Twitter
Curta o “Rotas” no Facebook
Tiago,
Ontem estive na Vila Rubim e fiquei muito triste com o que vi. Eu gosto de mercados populares e fiquei impressionada com o abandono da região. Já fazia algum tempo que não andava por lá e foi decepcionante perceber que a situação, que já não era boa, está se deteriorando. Há pouquíssimos mercadinhos e lojas de produtos para o lar. Mesmo a Casa Rubim, que era cheia de utilidades do lar interessantes e com preço bacana, está com poucas opções e preços mais caros que os da Praia do Canto.
A imensa maioria das lojas é dedicada à venda de produtos religiosos. Há algumas lojinhas que vendem ervas medicinais, mas sem a menor condição de higiene. Temperos e especiarias, nem pensar.
É uma pena para quem, como eu, adora mercados populares e o centro da cidade…
É verdade, Ana. A situacao do mercado da Vila Rubim dá pena.
Mas a verdade é que o capixaba nao dá muito valor pra mercado de rua, né? E os poucos que existem ficam assim.
É triste!
A pessoa engravida e começa a se preocupar com frutas, verduras, legumes… preferencialmente sem agrotóxicos…rs Sei o que é isso…rsrsrs
ehehe a gente se transforma, né? 🙂
Tiago,
Eu frequento feiras há algum tempinho, pouco, mas suficiente para conhece-las e anotar os preços. São, vá lá, quase 02 anos toda quinta-feira e/ou sábado perambulando pelos Feirantes, e pude fazer uma constatação: os preços das feiras são mais caros do que os do supermercado.
É verdade que tem um ou outro produto mais em conta na feira, mas a média de preços favorece o supermercado. Se por um lado os atacadistas compram em volume (o que reduz o preço), por outro, os feirantes não precisam de grandes gastos com estoque, câmaras frigoríficas e etc.
Além disso, muitos feirantes produzem o alimento, o que elimina os custos de transporte, manutenção e refrigeração que os Supermercados possuem.
Mas é agradável fazer feira, e por isso tenho ido mesmo sabendo que no Supermercado sairá um pouco mais barato.
A Feira do Centro de Vitória, aos sábados, tem um sambinha a partir das 10hs. Mas nem pense em chegar para fazer compras na hora do samba, pois só terá resto de verdura, legumes e frutas.
A mais equipada, sem dúvidas, é a de Jardim da Penha, também aos sábados, mas em época eleitoral fica insuportável.
Abs. e vamos à Feira…
Lucas Judice
Nao sabia dessa história do Amandinha na feira do Centro. Legal!
Mas é isso, Lucas. Mesmo mais caras, é bem mais agradável ir à feira, né?
Abs
Adoro uma feira. Fiquei com saudade da feira da Glória, lá no Rio. Aqui em Barcelona nao tem feira, mas tem cada mercado, como o da Boqueria, que é igual a uma feira. Adorei o post. Parabéns.
Obrigado pela visita, Cristina.
As feira na Europa são uma atração à parte, né?
Lembro bem quando foi tomada a decisão de fecharem os supermercados aos domingos em Vitória e Vila Velha, e como isso tira a gente da zona de conforto, não foi uma decisão bem vinda. Em BH parece que querem fazer o mesmo, se eu ainda morasse por lá com certeza me oporia, mas depois de quase três anos morando onde supermercado não abre aos domingos porque é um dia que deve ser dedicado ao descanso e à família (é o argumento francês pra garantir pelo menos um dia de descanso pra todo trabalhador) acaba que nos organizamos pra ter os produtos que precisamos e nos acostumamos rápido. Existem os pequenos comércios que geralmente funcionam até 13h nos domingos e ficam fechados às segundas, e são mão na roda quando estamos em pane de algum ingrediente. Mas aqui tem feira todos os dias e, apesar de o preço ser realmente um pouco mais elevado que no supermercado, na feira acabamos criando uma relação com o feirante que é enriquecedora: dicas de como preparar tal prato, e com o tempo ele até sabe quais os produtos que fazem parte da lista habitual, relação que meus avós tinham com os feirantes no Mercado Central em BH, onde íam todo sábado fazer as compras.
Vendo as fotos e lendo seu texto senti os cheiros dos temperos e produtos e fiquei com água na boca! Espero conseguir visitar uma dessas feiras no fim do ano, em Vitória ou em Vila Velha!
Oi, Natalia! Obrigado pela visita e pelos elogios.
E concordo plenamente com você. Essa relação com o feirante é uma das coisas mais gostosas de se ir à feira. É uma experiência quase antropológica, assistir ao vai-e-vem das pessoas. 🙂
Lindo post com cores e cheiros da minha infância na Praia de SantaHelena!
Parabéns