Para entender (e amar!) Santa Teresa
Eu não me surpreenderia se você, leitor do Rotas, que não mora no Espírito Santo, me dissesse que nunca ouviu falar de Santa Teresa. E nem que você, leitor do Rotas, que mora no Espírito Santo, me dissesse que nunca foi a Santa Teresa. A cidadezinha é bem pequena e – até agora – se mantem fora do mainstream turístico do nosso Estado. Digamos que o conceito “tipo exportação” das montanhas capixabas acaba reduzindo essa região à clássica dobradinha Domingos Martins (Pedra Azul) X Venda Nova do Imigrante, que tem logística de acesso bem mais facilitada, principalmente para os mineiros que trafegam na BR 262. E isso faz com que até nós, moradores do Espírito Santo, subestimemos o potencial turístico de outras cidades vizinhas.
Eu mesmo só fui “conhecer” Santa Teresa – turisticamente falando – nesse último feriado. Até então, eu havia passado ileso pelas atrações do município nas únicas duas vezes que estive por lá. E não foi por falta de oportunidade, não. Foi desinteresse mesmo. Por alguma razão, eu nunca prestei muita atenção em Santa Teresa apesar de tudo o que ela tem pra nos mostrar.
E eu não me perdoo por isso.
Não me perdôo porque, definitivamente, Santa Teresa tem tudo o que me agrada numa cidade: tem história e patrimônio histórico, tem museu, tem beleza cênica, tem natureza exuberante, tem clima ameno, tem uma ótima gastronomia, tem agroturismo, tem artesanato e tem uma intensa agenda de programação cultural ao longo do ano. Tem tudo isso com um povo extremamente simpático e acolhedor.
Por isso, eu te digo: se todas essas coisas também te agradam, tá na hora de você conhecer Santa Teresa.
Até porque conhecer Santa Teresa é super fácil. Ela está a apenas 80 km de Vitória, tornando viável, inclusive, um bate-volta a partir da capital. E que bate-volta!
O difícil vai ser não querer esticar. 😉
Santa Teresa é mais uma “pequena” jóia que a imigração européia legou para o Espírito Santo. A fórmula foi mais ou menos a mesma de Venda Nova do Imigrante: famílias de imigrantes italianos originários da região da Lombardia vieram ao Brasil em busca de oportunidades e encontraram na antiga localidade de Timbuí, a 655 metros de altitude, um habitat perfeito para seus costumes e tradições. A data oficial da fundação do município é 26 de junho de 1875, quando as 60 famílias que ali chegaram foram contempladas com lotes para erguerem suas propriedades. Mas foi em 1891 que a vila oficialmente se emancipou, transformando-se na primeira cidade de colonização italiana do país.
Mais do que Venda Nova, Santa Teresa tem um quê de vila italiana (um “quê”, repito!). Talvez porque, ao contrário da primeira, ela conseguiu preservar boa parte do seu patrimônio histórico e do seu traçado original, que reproduziu aqui mais ou menos o mesmo conceito das cidades italianas.
As ruas, por exemplo, são sinuosas e estreitas, com imóveis construídos à beira da calçada sem nenhum recuo.
Além do mais, a cidade está encravada no meio de um vale, cercada por áreas verdes, montanhas e rios.
E para completar a estética urbana de “vila”, o centrinho de Santa Teresa – que é minúsculo – possui alguns imóveis tombados cuja construção remonta à época dos imigrantes – algo que falta em Venda Nova.
Não são muitos, é certo, e a maioria deles se localiza nos arredores da Rua Coronel Bonfim Junior, também conhecida como Rua do Lazer.
Agora junta tudo isso com as manifestações culturais herdadas dos imigrantes e pronto! Você tem aí uma filial capixaba da Itália. 😀
Mas não foi só o seu patrimônio histórico que Santa Teresa soube preservar. Num exemplo raro de desenvolvimento sustentável, Santa Teresa atravessou um século de crescimento preservando em seu território mais de 40% de sua cobertura florestal.
Grande parte disso se deve ao trabalho e à luta de Augusto Ruschi, “o primeiro grande mártir do movimento ecológico brasileiro”, que, como eu contei nesse post, é teresense.
Foi ele quem preservou a antiga propriedade da sua família no centro da cidade – com área total de 30.000 m2 – e a transformou num Museu de Biologia. Foi ele quem, nos anos 40 do século passado, lutou pela criação da antiga Reserva Biológica de Nova Lombardia, hoje nomeada Reserva Biológica Augusto Ruschi, uma área de preservação de quase 5.000 hectares. E foi também em sua homenagem que, em 1939, os diretores do Museu Nacional no Rio de Janeiro decidiram criar em Santa Teresa a Estação Biológica de Santa Lúcia, com quase 400 hectares de mata atlântica preservada.
Soma-se a isso a iniciativa da Prefeitura Municipal de criação, em 2004, do Parque Natural de São Lourenço – uma área de preservação de 265 hectares de mata atlântica de encosta –, além da contribuição de proprietários rurais na implantação de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN’s).
Pronto! Você tem uma cidade coberta de verde.
Não dá pra não se encantar com a exuberância da natureza de Santa Teresa. Na época em que nós fomos, por exemplo, as flores das Quaresmeiras e Quaresminhas coloriam de roxo a paisagem.
Sem falar nos colibris, que estão por toda parte. Eu poderia ficar horas assistindo ao balé dos colibris na varanda da casa onde morou Augusto Ruschi (sobre a qual eu falarei em outro post). São dezenas deles – ou centenas, dependendo da época do ano – se revezando para bebericar o doce daquelas garrafinhas penduradas no teto.
Uma coisa linda. Mágica. Que eu nunca vou me esquecer.
Mas aí eu lembro que isso ainda não é tudo. Como eu falei mais acima, Santa Teresa tem também ótimos restaurantes, tem artesanato, tem agroturismo e tem um monte de eventos culturais ao longo do ano – como o Festival Internacional de Jazz e Bossa – que tornam a visita ainda mais agradável. Mas isso vai ter que ficar para outros posts.
Por ora, eu tenho certeza que você já ficou tentado a conhecer Santa Teresa.
Leia todos os posts sobre Santa Teresa aqui.
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Já morei nesse lindo município na linda e famosa rua do lazer
sem duvida um dos melhores lugar para se forma família no Estado do Espirito Santo, Clima ótimo, pessoas maravilhosas…Amo e tenho saudade de st city…
Que sorte a sua, Melk! Imagino que viver em Santa Teresa seja muito bom mesmo!
Ficamos muito felizes com essa linda matéria sobre Santa Teresa, terra de nossa família, cidade belíssima, rica em cultura, patrimônio histórico, matas deslumbrantes e gastronomia de dar água na boca. Sou uma das “Sorelle Rassele Croce” em que a placa da nossa casa foi fotografada como também estamos na foto em cima do carro na Carretela del Vin. Apesar de morarmos em Vitória, sempre que possível, subimos as montanhas para desfrutar deste nosso pedacinho europeu, da nossa doce terra dos colibris, Santa Teresa.
Fiquei super emocionada com a matéria sobre a nossa doce terra dos colibris. Sou apaixonada por esse lugar, para mim minha Shangrilá. Sou a outra “Sorelle Rassele Croce” e também estou em cima do carro na foto da Carretela. Santa Teresa me encanta pelas suas belezas naturais, seu povo, sua história e cultura. Tenho muito orgulho dessa terra.Saí dela ainda criança, mas ela nunca saiu de mim.
Olha que feliz coincidência! E que legal receber a visita das “Sorelle Rassele Croce” aqui no Rotas.
Achei a placa do prédio de vocês tão legal e tão ilustrativa da origem italiana da cidade que não resiste em fotografar.
Se eu fiquei encantado com Santa Teresa, imagino vocês que são da terra. Sem dúvida alguma, vocês tem muito do que se orgulhar!
Parabéns, Fabiana e Lorena, pela linda cidade!
Se eu morasse por aí, tenho certeza de que já teria ido a Santa Teresa depois de ver seus posts e fotos. Que lugarzinho carmoso!
Eis aí mais uma ótima razão pra vcs voltarem, Camila! Tenho certeza que vcs vão adorar Santa Teresa. 😉
Suas fotos no Instagram e agora seus posts aqui sobre Santa Teresa me deixaram com muita vontade de conhecer (me inclui entre os que moram aqui no Estado e nunca nem foram lá)! Essas fotos das montanhas estão mesmo lembrando a Toscana… Às vezes vamos tão longe e deixamos de conhecer o que está tão perto! Vou resolver isso em breve.
Vc que já rodou o interior da Toscana, Diana, certamente vai ter a mesma impressão que eu tive ao passear pelo arredores de Santa Teresa.
Não me perdôo por ter passado tanto tempo ignorando Santa Teresa turisticamente… é um pedacinho muito encantado das nossas montanhas. Tenho certeza que vocês vão curtir bastante!
Tiago, indica alguma pousada por lá?
Sarah,
Eu ainda vou fazer um post com indicação de hospedagem. Mas te adianto as 2 que eu gostei bastante: Vita Verde (a melhor, mas que não aceita crianças) e Villa Theodora.
Oi, Sarah, conforme prometido, aqui está o post com as dicas de hospedagem: https://www.rotascapixabas.blog.br/2014/08/10/santa-teresa-onde-ficar/.
Linda cidade… amo de paixão!!!!!
Santa Teresa é encantadora! Acampando na cidade, peguei 07 graus! Adorei o Melo Leitão. Não vejo a hora de retornar!
O município de Santa Teresa, na região Serrana do Espírito Santo, foi reconhecido pelo governo federal como a primeira cidade fundada por imigrantes italianos no país.12 de jan. de 2018. Santa Teresa tem história
Muitas famílias de imigrantes vindo da região da Lombardia, do Tirol e Vêneto, vieram para o Brasil em 1875, chegaram 60 famílias buscando uma vida melhor e encontraram na antiga localidade de Timbuí, um lugar perfeito para viverem.
Em 1895 foram criadas a comarca e a paróquia e foi desmembrado o distrito de São Roque Cannâ, dando origem a um novo município.
Em 1887 chegaram também os primeiros alemães, suíços e poloneses.
Em 1891 a vila se emancipou, transformando-se na primeira cidade de colonização do Brasil e rapidamente se desenvolveu.