Inhotim com crianças: roteiro sugerido com dicas para aproveitar ao máximo o passeio

publicado por Tiago dos Reis em 25 de fevereiro de 2015
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Galeria Marilá Dardot

Planejar a visita ao Inhotim não é tarefa fácil. A área do museu/parque é gigantesca (são 110 hectares abertos à visitação) e são mais de 100 obras de arte em exposição para você escolher qual visitar. Por isso que ninguém exagera quando diz que não dá para conhecer o Inhotim em um único dia. Não dá mesmo. Principalmente se você estiver com criança. Além da grande extensão, os caminhos entre uma galeria e outra são acidentados e cheios de sobe-desce, tornando o ritmo da visita lento.

Foi assim com a gente. Ao final do primeiro dia de passeio, não conseguimos cumprir nem metade do programado e isso só aumentou a vontade de voltar no dia seguinte. E olha que a minha seleção de obras era bem realista e contida. Eram apenas 5 obras/galerias de visita obrigatória, como vocês verão mais abaixo. Eu só não contava que, mesmo tendo estudado o parque anteriormente e estando com o mapa na mão, poderia me perder em alguns caminhos e rotas, gastando um tempo precioso.

Daí que eu reafirmo o que todo mundo diz por aí: 2 dias é o tempo mínimo para se dedicar ao Inhotim. Não que isso seja suficiente para conhecê-lo por inteiro. Não é. Mas, pelo menos, você vai se sentir um pouco mais familiarizado e à vontade para percorrer as rotas e selecionar melhor as obras e galerias que mais te interessam (e até voltar naquelas que você mais gostou).

Inhotim

Eu sei que uma das melhores formas de explorar o Inhotim é não ter um roteiro pré-definido para percorrê-lo (é o que o Riq Freire chama de estratégia aleatória nesse post). Deixar-se surpreender com o inesperado talvez seja o próprio objetivo do Inhotim. Mas, para quem viaja com crianças, pode ser mais proveitoso se você estudar um pouquinho as obras e o mapa para conhecer as rotas a serem percorridas. Caso contrário, você pode acabar deixando de lado aquelas que são mais indicadas para os menores e perder mais tempo do que o necessário em deslocamentos.

Por isso, eu resolvi compartilhar aqui o roteiro que nós seguimos aproveitando uma sugestão do próprio Instituto para quem pretende visitá-lo com crianças. Se seguido à risca e com o relógio sempre à vista, ele até poderá ser percorrido em 1 dia. Mas, com 2, o passeio será bem mais prazeroso e aberto ao inesperado. Você vai poder, inclusive, se dar ao luxo de fugir do script.

Troca-troca

As obras

Quando a gente definiu a ida para o Inhotim, eu procurei me informar sobre as obras que seriam mais indicadas para crianças na tentativa de agradar ao máximo a Maria. Mas é óbvio que o conceito de “obras mais indicadas para crianças” é altamente relativo e falível. Por ser um museu de arte contemporânea, e por serem as crianças tão imprevisíveis, qualquer uma das obras pode se revelar incrivelmente encantadora para elas, como eu disse nesse post.

Eis que o meu trabalho foi incrivelmente facilitado quando, uma semana antes da nossa viagem, o Inhotim publicou um post com uma sugestão de 5 obras para curtir com crianças (leia aqui). Eu não titubeei nem um pouco em seguir as indicações. E, com isso, as obras/galerias que se tornaram obrigatórias para nós foram:

1) Galeria Cildo Meireles;

2) Continente/Nuvem, de Rivane Neuenschwander;

3) Galeria Cosmococa, de Hélio Oiticica e Neville D’Almeida;

4) Piscina, de Jorge Macchi;

5) A origem da obra de arte, de Marilá Dardot.

A única que a gente acabou não aproveitando foi a Piscina, de Jorge Macchi, por pura falta de animação minha e da Renata de entrar na água.

Jardim Botânico

O percurso

Meu único “porém” em relação ao roteiro sugerido pelo post do Inhotim é o percurso. Depois de tentar segui-lo no primeiro dia, eu estudei melhor a seleção de obras no mapa e conclui que é possível visitar as mesmas obras gastando menos tempo com deslocamento. Basta uma pequena alteração no sentido do roteiro para encaixar algumas das 5 rotas pré-estabelecidas feitas pelos carrinhos elétricos do parque. Pronto! Você vai otimizar seu tempo e diminuir drasticamente seu esforço nas caminhadas.

Inhotim

Para isso, você vai precisar pagar pelo ticket de transporte: custa R$20,00 por pessoa (crianças até 5 anos não pagam). Você pode embarcar e desembarcar quantas vezes quiser. Não há limite de utilização. E quando você perceber o quanto de chão e ladeira você percorreu de carro, você vai concluir que aqueles R$20,00 foram um ótimo investimento (principalmente se for um dia de muito sol e calor). 😉

Olho no mapa do parque que você pode baixar nesse link:

mapa inhotim

O percurso que eu sugiro é o seguinte:

1) a partir da recepção, siga o eixo laranja em direção ao ponto de embarque da Rota 1. Seguindo pelo caminho da esquerda, você já pode dar início ao seu deslumbramento com o lago e, principalmente, com o Vandário;

Vandário

2) Embarque no carrinho e desça no ponto final. Você estará na porta da Galeria Cardiff & Miller, também conhecido como galpão sonoro. Atravesse-o para saber o porquê da alcunha. Se tiver oportunidade, sente-se em uma cadeira para entender porque todo mundo que vai volta falando maravilhas dessa obra (para a Maria, isso seria exigir muito). Dependendo da hora que você chegar, pode aproveitar para comer na pizzaria que fica atrás do galpão;

Inhotim

3) Saia pelo lado oposto ao que você entrou e embarque no carrinho da Rota 3. Ao final da subida, ele vai te deixar bem ao lado de 2 obras selecionadas nesse roteiro: a Piscina, de Jorge Macchi, e a Origem da obra de arte, de Marilá Dardot. Conte em gastar um bom tempo nelas, principalmente se vocês toparem entrar na água. O Inhotim disponibiliza toalhas num vestiário que fica pertinho da piscina. Se a fome bater, há também uma lanchonete no local (que vende apenas industrializados);

Galeria Marilá Dardot

4) Suba em direção ao ponto de embarque da Rota 4. No caminho você ainda terá à disposição o Palm Pavilion, de Rirkrit Tiravanija, e as galerias de Carlos Garaicoa e Carroll Dunham;

5) Pegue o carrinho e peça para descer em frente à Galeria Cosmococa, de Hélio Oiticica e Neville D’Almeida. As crianças vão adorar corresponder às interações que os artistas propõem. Depois disso, desça caminhando para encontrar, logo abaixo, um dos maiores ícones do Inhotim: a obra Troca-troca, de Jarbas Lopes (os famosos “fusquinhas coloridos”);

Troca-Troca

6) Continue a caminhada em direção à Galeria Fonte, no eixo amarelo, e não deixe de reparar no lindo paisagismo dos jardins dessa área do parque. Uma lanchonete fica anexa à galeria, caso vocês precisem recarregar as energias;

Fontes do Inhotim

7) Desça pela direita até chegar na Galeria Cildo Meirelles. As obras Através e Desvio para o Vermelho também propõem experiências que as crianças costumam curtir: a) na primeira, você caminha em um chão de cacos de vidro, contornando obstáculos; b) na segunda, brinca de identificar os objetos igualados pela cor;

8) Voltando à porta por onde você entrou, continue descendo até chegar a uma casinha branca, onde está situada a obra Continente/Nuvem, de Rivane Neuenschwander. Você só vai encontrar a obra se olhar pro teto. Nele, pequenas bolinhas de isopor ficam em constante movimento e mexem com a imaginação das crianças.

Rivane Neuenschwander

Pronto! Se você seguiu esse roteiro, você terá visitado todas as obras sugeridas pelo próprio Inhotim aproveitando ao máximo o conforto dos carrinhos elétricos.

No caminho até a recepção, você poderá ainda visitar a Galeria Praça e a obra Abre a porta, Rodoviária de Brumadinho, de Joh Ahearn e Rigoberto Torres. Com um pouquinho mais de tempo, eu recomendaria voltar pelo caminho da Cildo Meirelles e virar à direita na encruzilhada para conhecer o belíssimo paisagismo dessa parte do parque. É difícil não se encantar com esse tamboril centenário que ali está:

Tamboril

Se calhar, você pode aproveitar esta esticadinha para finalizar o passeio com um almoço tardio no Restaurante Tamboril, que funciona no esquema buffet (R$58,00 por pessoa; crianças até 5 anos não pagam).

Restaurante Tamboril

Observações finais

Analisando bem o mapa do parque, você vai perceber que o eixo rosa não entrou no roteiro. Por causa disso, almoçar no Restaurante Oiticica – que funciona no esquema self-service e sai bem mais em conta do que o Tamboril – se torna pouco conveniente. Ele implica em um desvio de rota à pé (não há rotas de carro disponíveis) que vai prejudicar o cumprimento do roteiro. Sem falar que, dependendo do movimento, você pode perder um bom tempo na fila para entrar, se servir, pesar e pagar. O melhor mesmo é deixá-lo para o segundo dia de passeio, que você pode dedicar para conhecer as atrações do eixo rosa.

Mas se o Tamboril não for uma opção viável (por ser caro), opte por fazer lanches na pizzaria do galpão sonoro, na lanchonete da Galeria Fonte (que vende hambúrgueres) ou naquela que fica bem perto da casinha da Rivane Neuenschwander (que vende um cachorro-quente bem vistoso).

Lanchonete Inhotim

O Inhotim não permite a entrada de comidas ou bebidas. Talvez, o maior propósito dessa proibição seja evitar piqueniques no parque. Mas é fato que ninguém revista seus pertences para conferir isso. Veja bem. Não tô querendo fazer nenhuma apologia à violação da regra estabelecida pelo parque e estimulá-lo a levar comida suficiente para fazer seu almoço por lá. Não mesmo. Essa observação é só para tranquilizar os pais de crianças pequenas (principalmente, as alérgicas), que preferem levar comida para seus filhos. Em quase todos os restaurantes/lanchonetes, eu vi gente pedindo para descongelar comida de bebê/criança.

Se você reparar bem, em todo o roteiro sugerido, você vai encontrar 1 único banheiro com fraldário (além da recepção): no vestiário da piscina. Essa é a maior crítica que eu faço ao Inhotim: a escassez de fraldários pelo parque. Não custava aumentar esse número para atender à demanda dos pais com bebês. Em alguns momentos, nós tivemos que improvisar nos bancos espalhados pelos jardins.

Inhotim

Não custa lembrar: o Inhotim é um museu/parque ao ar livre, o que quer dizer que você estará sujeito às variações climáticas. É bom se prevenir levando na mochila filtro solar e capas de chuva (se necessário, a lojinha que fica na recepção vende capa por R$8,00). Garrafinha de água também é item de primeira necessidade: você pode enchê-las nos bebedouros que ficam espalhados pelo parque. E atenção: use roupas leves e calçados confortáveis para caminhada. Não esqueça que você vai andar – e muito!

Por fim, se você quer aproveitar ao máximo o seu tempo no Inhotim, garanta o seu ingresso pela Internet e evite as filas na entrada (compre aqui). Você paga uma pequena taxa e retira o ingresso na hora, num balcão que fica dentro do estacionamento.

Tudo o mais que você precisa para planejar sua visita para o Inhotim (quando ir, como chegar, onde ficar) você pode conferir no Guia do Inhotim do Viaje na Viagem ou na série especial sobre o museu da Silvia Oliveira, do Matraqueando.

Informações úteis

Centro de Arte Contemporânea Inhotim

Endereço: Rua B, 20 – Brumadinho, MG

Telefone: (31) 3571 – 9700

Horário de funcionamento: Terça a sexta-feira: 9h30 às 16h30; Sábado, domingo e feriado: 9h30 às 17h30

Ingresso: Terça e quinta-feira: R$ 25,00; Quarta-feira (exceto feriado): entrada gratuita; Sexta, sábado, domingo e feriado: R$ 40,00; Fechado às segundas-feiras. Crianças até 5 anos não pagam.

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Comentários

  1. 04 mar 2015

    A.M.E.I! Eu confesso que sou uma pessoa muito preguiçosa para tentar elaborar roteiros com criança. Minha programação infantil se resume: eu vou? Minha filha vai junto. Só. Hahaha!

    Quero muito voltar ao Inhotim e agora está redondinho meu passeio. Vou imprimir e levar! =D

    (Ah, e obrigada pela menção ao Matraqueando!)

    Beijão pros três!

    • Adorei, Silvia!
      Tb sou meio assim: simples! Nós vamos? Elas vão junto! #descomplicada 😀
      Bjs

      • 05 mar 2015

        Cataploft! Acordo e dou de cara com comentários da Silvia e Sut-Mie!! É muita emoção para um dia só!!!
        Obrigado pelas visitas, meninas!!
        Mas ó: deixa baixo o meu jeito metódico de ser! Eu não consigo me livrar disso. 😉

  2. Tiago,
    Adorei este post mastigadíssimo!
    Mas tenho uma perguntinha que sempre me fazem (e eu vou aproveitar 😛 ): onde vcs ficaram hospedados? Esse é o grande problema por lá, já que as opções de hospedagem são restritas.

    Outra coisa: uma dica que me deram um dia que eu postei que o parque só tinha um banheiro: Potette (não sei se conhecem). Nós curtimos: pode ser usado em qualquer cantinho discreto ou até dentro do carro e ainda serve de redutor. Prático para passeios, viagens ou em casa: http://viajandocompimpolhos.com/2013/09/15/acessorios-de-viagem-vaso-portatil-para-criancas/

    Um grande abraço

    • 05 mar 2015

      Sut,
      eu tô até devendo esse feedback lá no grupo (depois eu faço isso). Nós ficamos em BH mesmo porque a ideia também era passear pela capital.
      Aí eu acabei alugando um carro e indo para o Inhotim nos dois dias de passeio. O caminho é super fácil. Não tem mistério.
      Mas eu só não recomendo o hotel que eu fiquei lá: o Adágio Minas Centro. Me enganei totalmente achando que era padrão Europa e confiei nas fotos bonitinhas da área social que consta no site. Ledo engano: os apartamentos são horríveis e velhos (apesar de espaçosos) e a vizinhança não é muito legal. Valeu a pena só pela comodidade da cozinha. De resto, não me hospedaria novamente.
      Eu não vejo a hora de inaugurar a pousada que eles estão construindo no complexo. Ficar hospedado lá já virou sonho de consumo nosso.
      E ó. Não conhecia esse potette, não! Muito legal. Vou providenciar um já.
      Abs na família!

  3. Karina
    22 jul 2015

    Olá! Também fiquei super mega feliz quando encontrei este site com dicas preciosas sobre Inhotim com crianças!! Fizemos no início de julho o roteiro inspirado na sugestão do Ricardo Freire: BH/Inhotim/Itabirito/Mariana (fomos na Minas da Passagem)/Ouro Preto/Congonhas/Tiradentes (com passeio de charrete) e S.J. Del Rei (fomos de Maria Fumaça). Foi muito bom e as crianças adoraram!! EM BH ficamos no Flat San Francisco – ótima localização; em Inhotim ficamos no Hotel Ville de Montagne Hotel (http://www.villehotel.org/) na própria cidade de Brumadinho, pois não queríamos voltar para BH nem ficar em alguma pousada a caminho de Ouro Preto, pois não sabíamos o quão cansados sairíamos do parque e achamos que foi a melhor escolha pois realmente (nós, os adultos) saímos muuuito cansados (as crianças continuaram com o maior pique!). Hotel simples, limpinho, com camas macias e com pessoal muito simpático. Ficamos todos em um quarto família. Fomos em Inhotim no domingo e logo na nossa chegada fomos recepcionados pelo trem que corta a cidade e segue em direção ao parque – emoção logo na chegada pois ele nos acompanhou apitando por todo o caminho!! Conseguimos ver o parque todo, com exceção da parte superior do trajeto laranja, que estava interditada para obras. Chegamos logo que o parque abriu e começamos pelo eixo laranja. Utilizamos o carrinho onde foi possível. Almoçamos por volta das 14 no Restaurante Oiticica e para nossa surpresa, a comida estava ótima! Saímos de lá em direção à Galeria Doug Aitken para ouvir o som da terra – uma subidinha e tanto, mas com a ajuda do carrinho conseguimos. Voltamos pelo eixo amarelo e no caminho encontramos, além de muitas borboletas, um simpático esquilo que se deixou fotografar. Valeu muito conhecer Inhotim e nos deparar com imensos prédios com arte contemporânea no meio da simplicidade e de muito verde! Vim retribuir com nossa experiência e agradecer suas dicas! Valeu!!

  4. 06 out 2015

    Show de bola Tiago !!
    Estou indo nesse feriado de 12/10 com meus filhos de 3 e 6 anos. Tenho uma duvida: devo levar os carrinhos (stroller) ou eles se tornarao um impecilio na hora de ficar embarcando e desembarcando dos carrinhos eletricos ? Tem espaco para acomoda-los ?
    Obrigado pelas dicas
    Abraco
    Rubens

    • 15 out 2015

      Ai, Rubens! Mil desculpas pelo atraso no comentário. Mas fiquei longe do blog por uma semana por razões pessoais…
      Pelo visto sua viagem já aconteceu. De qualquer forma vou responder sua pergunta para que fique registrado aqui para outros leitores.
      Dá pra transportar os carrinhos de criança nos carrinhos elétricos do museu, sim. No primeiro dia nós até levamos. Mas nos arrependemos porque ele realmente dificultava as caminhadas.
      No segundo dia eu resolvi deixá-lo pra trás. Cheguei a carregar minha filha dormindo no colo por um tempo. Mas ainda assim o passeio rendeu mais que no dia anterior.

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