Santiago com crianças: roteiro sugerido de 7 dias
Dez anos depois da nossa última viagem ao Chile – e que rendeu uma das séries mais lidas aqui no Rotas, sobre o Deserto do Atacama – voltamos ao país andino para realizar um sonho antigo das crianças: ver neve. Foram 8 dias passeando pela capital Santiago e arredores na expectativa de curtir um pouquinho o inverno chileno e, claro, a neve andina das estações de esqui.
Bom, o frio não foi exatamente aquele que a gente esperava. Com um inverno bastante atípico neste ano, Santiago não foi lá tão rigorosa com os termômetros e até Farellones – a estação de esqui mais baixa – sofreu um pouquinho com as altas temperaturas e a falta de neve.
Ainda assim, a viagem feita em uma nova configuração familiar revelou uma cidade cada vez mais moderna, aprazível e funcional que, não bastasse o deslumbre cênico da Cordilheira nevada no horizonte, ainda se mostrou incrivelmente kids-friendly, com várias atrações para crianças.
Tá certo que, no nosso caso, o clima da viagem ficou bem mais leve e ameno pela companhia de dois casais de amigos (beijo Rafa e Gabriel! Beijo Fabíola e Bruno!) que também levaram suas crias para Santiago nas férias escolares, coincidindo alguns dias de suas viagens com a nossa. A presença dos amigos fez toda a diferença no humor da Maria e do Antônio, claro!
Mas, com companhia ou sem, Santiago é uma cidade incrível e redondinha para fazer valer uma viagem de 7 dias (inteiros) com crianças, como a que fizemos.
Na montagem do roteiro, eu segui as recomendações que o Ricardo Freire, do Viaje na Viagem (novidade!), faz nesse post. Às atrações clássicas, eu acrescentei alguns atrativos voltados especialmente para as crianças, seguindo as dicas da Rosi, do blog Nós no Chile. No final, o roteiro testado e aprovado por nós – e que eu recomendo – é o que eu mostrarei abaixo.
Embora a gente não tenha seguido ele à risca por conta de algumas intercorrências na viagem (vocês vão perceber pelas roupas nas fotos :-D), fiz algumas adaptações por achar que, do ponto de vista logístico, essa combinação é a ideal para quem se propuser a segui-la. Minha intenção foi fazer um relato de viagem que também servisse como sugestão de roteiro.
Devo lembrar aqui que, apesar de meus filhos já estarem mais crescidinhos, eu ainda observo aquela regra de “uma atração por dia” que expliquei nesse post, o que me permite ajustar as expectativas em torno do nosso rendimento e aproveitar com mais empolgação os extras que se fizerem possíveis.
1º dia – Passeio pelo Centro Histórico de Santiago
Para quem, como nós, prefere reservar o primeiro dia da viagem para um passeio mais light – de modo a permitir superar o cansaço da rotina de aeroporto do dia anterior -, conhecer o centro histórico de Santiago é uma ótima pedida. Além de se deslocar por uma região relativamente pequena, esse passeio permite se ambientar com a cidade visitando alguns de seus monumentos mais tradicionais.
Nós começamos pela famosa Plaza de Armas, onde estão duas atrações bastante visitadas: a Catedral Metropolitana e o Museu Histórico Nacional.
A gente até chegou a entrar no Museu para dar uma espiada, mas confesso que o que vimos não nos chamou muita atenção. Na esquina à esquerda de quem sai do Museu, fica um dos vários letreiros instagramáveis de Santiago.
A catedral é linda e vale a visita.
A combinação da sua torre com o prédio espelhado dos fundos rende uma das fotos mais clássicas de Santiago, representando a convivência do antigo e do novo na cidade:
Só a careta do Antônio aí é que é novidade!
Seguindo pela Rua Merced chega-se em 5 minutos ao imperdível Museu Chileno de Arte Pre-Colombiana.
A memória do modo de vida dos povos que viviam na América Latina antes da chegada de Colombo e a riqueza das obras ali expostas impressionam e enchem de orgulho esse rapaz aqui que já é super orgulhoso do seu sangue latino-americano.
Sorte a nossa que isso a Europa não nos roubou!
Saindo do museu, você já desce numa das ruas mais simpáticas do centro da cidade: a Paseo Bandera. A rua, que é fechada para pedestres, é toda colorida e cheia de barraquinhas de comerciantes.
Subindo a Paseo Bandera à direita, você chega no Mercado Central, onde vários restaurantes vão tentar te convencer a experimentar a famosa Centolla. Descendo à esquerda se chega até o Palacio La Moneda, sede da Presidência do Chile, pela Plaza de La Constitución.
É nessa praça que acontece a concorrida troca de guarda do Palácio. Ela ocorre em dias alternados, seguindo uma programação que muda a cada mês (é bom conferir no site do Palácio). No nosso caso, nos dois dias que tentamos assistir a cerimônia ela foi cancelada em razão de eventos internos da Presidência. Fuén fuén fuén.
Com tempo sobrando, a gente aproveitou para conhecer o Centro Cultural La Moneda, que fica em baixo do Palácio e tem exposições gratuitas.
Saindo do Palácio e voltando à Paseo Bandera, uma paradinha na frente do prédio da Bolsa de Valores de Santiago, declarado monumento histórico do Chile. A arquitetura renascentista traz um quê de Europa pra Santiago.
Por falar em Europa, dali até o bairro Paris-Londres é um pulo. Mas, a não ser que você faça questão de ticar lerês e esteja com tempo livre, eu pensaria duas vezes. Nós fomos e, sinceramente, achamos totalmente dispensável a escapulida.
Apesar do “quê” de Europa, o bairro está bem mal cuidado, com muitas pichações.
Melhor mesmo é ir direto para o Cerro Santa Lúcia para subi-lo, se for o caso, ou já adentrar a região do bairro Lastarria, como foi o nosso caso. Como a gente já conhecia o Cerro e subir aquele morro todo com duas crianças não é algo tão simples, preferimos pular essa parte.
Na Rua José Victorino Lastarria são várias as opções de cafés e restaurantes para escolher, entre os quais estão os famosos Mulato e Bocanaríz. Nós optamos pelo Restaurante Três Valles, especializado em carnes.
Na Galeria Lastarria, situada na Rua Padre Luis de Valdivia, adjacente à José Victorino, há duas opções de sobremesas: a sorveteria Montana, da famosa chocolateria Brussel Heart of Chocolate, e as balas e pirulitos da pequena fábrica de doces Alquimia que fica na parte de dentro e foi a sensação das crianças (e das lembranças para os sobrinhos no Brasil).
Ainda no Bairro Lastarria, você pode conhecer o Centro Gabriela Mistral e o Museu Nacional de Belas Artes.
2º dia – Cerro San Cristóbal (teleférico + funicular)
Nosso segundo dia era um domingo e foi todo dedicado ao Cerro San Cristóbal. O cerro é a sede do gigantesco Parque Metropolitano de Santiago e de 2 atrações bem legais: o teleférico e o funicular.
Para tornar possível o passeio por todo o parque, há várias estratégias de visitação ao Cerro espalhadas pela internet. Nós resolvemos seguir as dicas que a Rosi, do Nós no Chile, dá nesse post: chegar pela Estação Pio Nonno para subir de funicular e, depois, descer de teleférico na altura da Estação de Metrô Pedro de Valdivia.
Para quem está hospedado em Providência, dá para fazer o trajeto no sentido inverso, já que a Estação Pedro de Valdivia está bem pertinho do bairro. Se você estiver nos arredores do Costanera Center, com um pouquinho de disposição, dá até para ir a pé.
Seguindo essa estratégia, basta você comprar duas passagens “somente ida”: uma para o funicular e outra para o teleférico.
Ao subir pelo funicular, você pode parar na primeira estação, que dá acesso ao Zoológico. Nós fomos direto ao “topo”, descendo na segunda e última estação.
Lá em cima é difícil desligar a câmera do celular. Cada ângulo da cidade e, principalmente, da cordilheira é um flash!
Pequenas lanchonetes ajudam a forrar o estômago. Ali também se pode experimentar o famoso Mote con Huesillo, uma bebida feita com suco de pêssego e grãos de trigo.
Dali em diante é “pernas pra que te quero”. Subir morro, descer escada, andar, andar e andar até o dedo coçar para tirar mais uma fotinha. Num cantinho bem escondido aos pés da Santa, a gente foi às forras com um book de fotos familiar com vista pra Cordilheira.
O Ministério do Turismo do Chile aprova a iniciativa.
Seguimos caminhando até chegar à estação Tupahue do teleférico. Mais uma vez, máquina na mão para registrar os cenários estonteantes que se abrem ao seu olhar nos poucos minutos que dura a descida do teleférico.
Dali nós pegamos um Uber para o restaurante Ocean Pacific’s, que eu definitivamente NÃO RECOMENDO. Fomos imaginando que seria uma experiência agradável para as crianças, mas não foi. O restaurante é um “pega-turista” de muito mal gosto e nada simpático com os pequenos.
Para quem quer esticar o passeio após o teleférico, eu recomendaria começar a explorar o Bairro Providencia, que fica ali do lado. Dá até para conhecer o Shopping que fica no Costanera Center, se esse for o seu perfil, e subir os 60 andares da torre para ver Santiago em 360º lá do alto. Caso contrário, vá até a Rua Santa Magdalena e escolha um dos restaurantes que tem por ali, como os famosos Baco e Nicolas. E, mais uma vez, aproveite as sobremesas da Brussel Heart of Chocolate, que fica bem na esquina da Avenida Andrés Bello.
Se você fez o caminho inverso, subindo de teleférico e descendo de funicular, talvez seja o caso de incluir no roteiro outras duas atrações de Santiago: a La Chascona, famosa casa do poeta Pablo Neruda, e o Pátio Bellavista, onde você terá várias opções para comer.
Com tempo e um pouquinho mais de disposição, eu iria até a Estação de Metrô Baquedano e saltaria na segunda parada (Santa Isabel – sentido Vicente Valdez) para explorar os restaurantes e galerias de arte do surpreendente Bairro Italia que, para mim, foi a grande surpresa da viagem.
O dia estará fartamente preenchido.
3º dia – Ida ao Parque de Farellones
Nosso terceiro dia caiu numa segunda e foi reservado para a visita a uma das duas estações de esqui que programamos: Farellones ou Valle Nevado. A opção por Farellones acabou acontecendo para coincidir a nossa programação com os casais de amigos que lá estavam e, principalmente, para aproveitar a nevasca do final de semana que caíra por lá.
Como eu falei no início do post, o inverno desse ano no Chile está bastante atípico com temperaturas bem menos rigorosas que o normal. A temporada de esqui nas estações, por exemplo, tardou a abrir pela falta de neve. E em Farellones a coisa é ainda mais complicada porque a estação fica mais baixa que Valle Nevado e, portanto, a neve por lá derrete rapidinho após alguns dias de sol.
Por isso, a gente preferiu não arriscar. Compramos os ingressos pelo site do parque no dia anterior e seguimos para Farellones.
Subimos com o transfer da Ski Total, seguindo a dica que o Ricardo Freire dá nesse post. Foram 30.000 pesos (aproximadamente 180 reais) a ida e a volta por pessoa. A van sai às 08h da loja que fica no Ominium Mall – bem pertinho da Estação do Metrô Escuela Militar – e volta às 17h com destino ao mesmo local.
Na Ski Total também é possível alugar roupas e equipamentos de esqui com a grande vantagem de ser mais barato e ter bem menos fila que nas próprias estações. Para Valle Nevado, eu aluguei o equipamento de esqui da Maria e isso me livrou de uma fila enooooorme. Nesse caso, é bom chegar mais cedo à loja para não correr o risco de atrasar a saída da van. Seus companheiros de viagem não vão gostar nadinha se isso acontecer.
Bem ao lado da Ski Total tem uma lojinha com várias opções de lanche para um café da manhã apressado ou para levar para o parque.
A entrada no Parque de Farellones é bem tumultuada. Pelo menos, assim estava quando a gente chegou por volta das 9h. São várias filas – uma para cada situação – que ficam bem próximas e misturadas, confundindo bastante quem chega. Foi um pouco difícil encontrar a fila de quem já tinha comprado o ingresso. E tinha sempre aquele espertinho que fingia não ver o final da fila e aproveitava o tumulto para furá-la.
Mas depois que a gente entra é só alegria. Quer dizer… a gente ainda vai precisar enfrentar muita fila para aproveitar as atrações. Mas a adrenalina do pós faz a gente relevar.
No dia em que fomos nem todas as atrações estavam disponíveis por causa da quantidade de neve. Algumas, como a “motinha”, necessitam de um maior acúmulo de neve, o que não era o caso. Mas isso não atrapalhou o nosso aproveitamento porque, no primeiro contato com a neve, o que as crianças queriam mesmo era fazer boneco de neve.
Fomos várias vezes no tubing:
Subimos e descemos “n” vezes pelo teleférico de cabine aberta:
E as crianças – junto com os tios Bruno e Fabíola – ainda escorregaram na bóia:
Só a tirolesa que acabou ficando pra próxima porque Maria e Antônio não tinham o peso mínimo para descer: 40 kg.
Outro esporte que nós praticamos bastante por lá foi fotografar, claro. Aproveitamos que o céu azul contrastava lindamente com o branco da neve para encomendar um book familiar e do casal aos amigos Bruno e Fabíola:
Não é sempre que a gente pode se dar o luxo de ter a companhia de um fotógrafo particular!
Dentro do parque tem vários food trucks onde é possível matar a fome (inclusive comendo coxinha e bebendo Guaraná Antarctica!). Mas se você quiser fugir das filas, é bom levar lanches na mochila.
Também é possível sair do parque pela portaria que fica na parte superior para comer em algum restaurante que fica no povoado de Farellones. Você recebe uma pulseira para poder voltar ao parque depois. Mas nós acabamos não fazendo isso.
Foi na hora do lanche que a gente avistou a Rosi, do Nós no Chile, e fez questão de ir até ela para agradecer as dicas e tirar uma fotinha:
A Rosi contou sobre a visita dela ao parque nesse dia nesse vídeo que ela postou no Youtube. Como se vê, não foi um dia muito agradável para ela. Mas ela é habitué. A gente é marinheiro de primeira viagem. Tudo vira festa!
Minha única crítica ao parque é um certo amadorismo em ganhar dinheiro com a empolgação dos turistas, principalmente, das crianças. Lá dentro não tem uma única lojinha de souvenirs onde a gente possa comprar coisas para as crianças brincarem na neve. Um kit “boneco de neve”, brinquedos para ajudar a cavar a neve ou mesmo uma simples lembrancinha para guardar de recordação. Nem um mascote o Parque tem!
O Antônio mesmo ficou doido num brinquedinho de fazer bola de neve que ele viu de uma outra criança e eu não achei em lugar nenhum do parque para comprar!
O lado bom disso é que o nosso bolso agradece, claro. É menos inutilidades para a gente comprar e menos dinheiro para a gente gastar. Mas que isso ajudaria a aumentar o rendimento do Parque – que, nesse ano, já ficou prejudicado pela falta de neve – não há como negar. Estourar o orçamento – com bobeirinhas – é quase uma certeza dos turistas que são pais de crianças pequenas.
4º dia – Museu Interativo Mirador + Parque Metropolitano ou Parque Araucano
Nosso quarto dia foi dedicado a amortecer o cansaço da véspera. É bom saber que a ida às estações de esqui começa antes das 07h e termina depois das 19h. Por isso, com criança, fica um pouco inviável subir em dias seguidos.
Para isso, eu recomendaria uma combinação do Museu Interativo Mirador com o Parque Bicentenário da Infância, que fica dentro do Parque Metropolitano, ou o Parque Araucano, que fica um pouco mais longe.
O Museu Interativo Mirador de Santiago foi um dos pontos altos da viagem para as crianças. Ele é um museu dedicado a explorar diversos aspectos da ciência em nossas vidas de uma forma totalmente interativa, como o nome já diz. O conhecimento se une à brincadeira para entreter e despertar a curiosidade das crianças.
A gente só não imaginava que o museu fosse tão grande e tão interessante. São 2 pavilhões enormes com salas temáticas a explorar: o principal, sobre a ciência na nossa vida; e o secundário, sobre o universo.
Nosso erro foi ter ido pra lá no meio da tarde. Ficamos tanto tempo no pavilhão principal que nem no secundário deu para ir.
Por isso, eu recomendo ir no começo da manhã por dois motivos: para não ter tanta preocupação com o horário de sair e para aproveitar as vagas das atividades complementares, que tem limite de participantes. A sala sísmica, por exemplo, que simula um terremoto é uma das primeiras a esgotar e já não tinha vaga quando chegamos.
No pavilhão principal a regra é se perder. A gente ficou quase três horas lá dentro, ziguezagueando de sala em sala.
É até difícil escolher a sala mais legal. Tem a da matemática, a dos sons, a do eletromagnetismo, a da microvida, a dos sentidos, a da luz. Enfim, um sem número de atrações travestidas de brinquedos para crianças – e adultos – se esbaldarem.
O site do museu diz que o número de entradas é limitado. Por isso, o ideal é comprar os ingressos on line e com antecedência porque não há garantia de compra do ingresso na bilheteria do museu.
A estação de metrô mais próxima é a Mirador, da Linha 5. São 6 paradas até a Estação Bustamante, porta de entrada do Bairro Itália. Se você ainda não foi até lá, essa pode ser uma ótima oportunidade para inclui-lo no seu almoço ou jantar a depender do horário da sua saída do museu. Como eu já disse, passear pelas ruas cheias de arte e estilo do Bairro Itália, pra mim, foi uma das gratas surpresas da viagem.
Se ainda sobrar tempo, uma passadinha no Parque Bicentenário da Infância pode ser uma ótima pedida para as crianças.
Nós ficamos um tempão ali. O Antônio passou 573 vezes no “brinquedão” que margeia a entrada do parque. A Maria curtiu os sons dos brinquedos musicais. Nós três juntos – mais a Natália e a Lívia, filhas do nosso casal de amigos Fabíola e Bruno, que chegaram logo depois – brincamos de “chão é lava!” na região das esferas que, no verão, viram fontes de água.
Depois seguimos caminhando até a parte de cima, numa pequena área onde há um parquinho. As crianças ficaram por lá um tempão, enquanto nós adultos aproveitamos para descansar, papear e curtir a paisagem ao redor.
Por fim, descemos pela área dos tobogãs, que tem várias pequenas escadas e escorregadores para você escolher por onde descer.
Geralmente, o acesso a essa área é feito pelo pequeno funicular que funciona dentro do Parque Bicentenário. Mas, no dia em que fomos, ele não estava operando.
O parque fica um pouco fora de mão, digamos assim. Não há nenhuma outra atração por perto para uma esticada à pé. Por isso, você vai precisar de Uber para chegar e sair.
Ainda nessa vibe despretensiosa, o Parque Araucano também pode ser uma opção a ser considerada neste dia. Ele fica um pouco mais longe do MIM, cerca de 1h de metrô, mas também é um ótimo lugar para as crianças correrem soltas.
O parque é sede de duas atrações bastante recomendadas para passeios com crianças: o Kidzânia e o shopping Parque Arauco. Nós não chegamos a conhecê-los. Nossa ida até lá foi motivada pela pista de patinação de gelo que costuma abrir na temporada de inverno.
As crianças adoraram a experiência.
Além da pista, há quadras de esporte e parquinhos para os menores. Alguns food trucks e pequenas lanchonetes espalhadas pelo parque garantem a alimentação por lá.
5º dia – Ida a Valle Nevado
Nosso quinto dia foi reservado a ida ao Valle Nevado. Mais uma vez, fechamos o transfer com a Ski Total e compramos o ingresso on line na véspera.
Parênteses para você não ter a mesma dor de cabeça que eu para comprar os tickets on line. Desde a nossa chegada a Santiago, eu tentei fazer a compra pelo site praticamente todos os dias através do meu celular sem sucesso. Foi só na véspera quando a atendente da Ski Total me deu a dica de tentar comprar por um computador que eu consegui concluir (eu, não. Meu amigo Marçal, aqui do Brasil, que comprou pra mim enquanto a gente passeava pelo MIM. Valeu, Marçal!!!!!). Então, já fique sabendo: os tickets para Valle Nevado devem ser comprados através de um computador.
O esquema para ir ao Valle Nevado com a Ski Total é exatamente o mesmo da ida a Farellones. Só o destino é que muda. E, nesse caso, comprar os ingressos antecipadamente e alugar os equipamentos de esqui na Ski Total fazem toda a diferença no aproveitamento do dia. Isso te livra de enfrentar filas quilométricas antes de entrar no complexo.
Para quem compra os tickets on line, o único inconveniente é a fila para retirada do ingresso “físico”. Depois disso, com o equipamento de esqui em mãos, você já pode subir a escada rolante para, então, pegar a gôndola até a área das pistas.
Eu achei essa retirada de ingresso físico bem dispensável. Nada que um QR Code no celular ou caixas de atendimento automático para impressão não pudessem resolver. E é bom saber que as lojinhas de souvenirs do complexo estão anexas a essa entrada (o tal brinquedinho que faz bolinha de neve que o Antônio tanto queria, eu comprei aí). Lá dentro, pelo menos na área das pistas ao redor do Bajo Zero, não há um só lápis de lembrancinha pra você comprar; só no boulevard de lojas que fica dentro de um dos hotéis. Se estiver com a companhia de outras pessoas, aproveite para dar uma olhada nas lojinhas da entrada enquanto o “sortudo” aguarda na fila.
São várias as opções de ticket que você pode comprar para o complexo. Para quem não quer esquiar, o ticket da gôndola é indispensável para você conseguir transitar pela área das pistas, além, é claro, de curtir os minutinhos de passeio no ar.
No nosso caso, só a Maria quis fazer aula de esqui (minha condição física nada atlética não me permite tamanha aventura!). Foram duas horas de zigue-zagues pela área reservada às crianças atrás da Escola de Neve.
Ela super curtiu a primeira experiência no esqui. E, diferente de Farellones, a área da aula é separada das pistas, o que torna a atividade mais segura para as crianças.
Antônio só queria saber mesmo de descer de esquibunda e brincar de guerrinha de neve com o brinquedo novo dele.
Se não quiser enfrentar as filas, a longa espera e a falta de mesas para comer nos restaurantes e lanchonetes do complexo, é bom levar seu lanche na mochila. Como nós conseguimos entrar antes da multidão que ainda aguardava para comprar ingresso e/ou alugar roupas e equipamentos, acabamos comendo mais cedo e apostando no cachorro-quente e hamburguer no Bajo Zero, o fast food de lá.
O passeio dentro do complexo de hotéis é livre. A gente, no entanto, ficou basicamente no vai-e-vem da gôndola e na área de pistas do Bajo Zero.
O retorno para Santiago é às 17h. Se o trânsito colaborar, às 19h você chega na sede da Ski Total.
Na volta, se o cansaço ainda lhe permitir, não deixe de dar uma espiadinha na janela da van para apreciar as paisagens impressionistas que o pôr-do-sol vai lhe proporcionar no horizonte.
6º dia – Passeio pelos Bairros Providência e Itália + Museus do Parque Quinta Normal
No 6º dia eu recomendaria simplesmente flanar por Santiago. A cidade é extremamente agradável para fazer isso!
Eu realmente adorei percorrer a pé as ruas do Bairro Providência e Itália. O entorno do nosso hotel, inclusive, era super agradável e confirmou a ótima impressão que eu já tinha dele.
Nós nos hospedamos no Four Points by Sheraton, da Rede Marriott, que fica na Rua Santa Magdalena, em Providência. O hotel em si super valeu a pena pelo ótimo custo x benefício. Pagamos 100 dólares a diária sem café da manhã (com café o valor subia para 164 dólares). Além da economia, abrir mão do café da manhã no hotel te obriga a conhecer os cafés e restaurantes do entorno, que são excelentes! A gente aproveitava os croissants fresquinhos e deliciosos do Nicolas – que fica a 50 metros do hotel – e/ou da Baco Panederia, que fica na rua de trás.
Também tem uma padaria Castaño ao lado do Nicolas que quebra um galho danado nos lanches para os passeios que saem bem cedinho. É bom lembrar que, nos passeios para as estações de esqui, você precisa sair num horário em que os cafés e padarias ainda não estão abertos. Por isso, é preciso resolver na véspera a alimentação que você vai levar.
Em frente ao Four Points tem um conjunto de prédios com vários cafés e restaurantes no térreo, entre eles, o famoso – mas também caro e antipático – Baco. A má vontade dos garçons em juntar mesas para 12 pessoas nos obrigou a optar pelo vizinho El Nuevo Arriero, que nos deixou bastante satisfeitos.
À direita do hotel, bem na esquina da rua, tem uma unidade da tentadora Brussels Heart of Chocolate. À esquerda, uma espécie de galeria com vários restaurantes bem interessantes. Atravessando a galeria até a rua de trás, você chega praticamente na porta de uma das entradas acessórias da Estação Los Leones do Metrô.
A localização do hotel não poderia ser mais conveniente e aprazível. E o padrão de conforto a la Mercure – com a vantagem de ter quartos com 2 camas de casais que comportam 1 casal com 2 filhos – me fazem recomendá-lo efusivamente.
Aliás, para os brasileiros que fazem questão de bater cartão no Restaurante Giratório, o Four Points fica na mesma rua, a apenas uma quadra.
Quatro ruas na direção leste você chega ao imponente Sky Costanera. Quatro ruas a oeste você chega na mais aprazível das ruas de Providencia: a Orrego Luco. Flanar por esse quadrante vai te mostrar a parte mais moderna e vibrante de Santiago.
Para completar o “flaneur” do dia, nada como aproveitar as ruas cheias de estilo do Bairro Itália.
Devo a indicação do Bairro Itália à nossa amiga Fabíola. Confesso que ele não estava no meu radar até ela sugerir uma ida até lá para um almoço. O primeiro contato com as ruas enfeitadas e de casinhas coloridas do bairro foi suficiente para nos surpreender e deixar um gostinho de quero mais.
Por isso, a gente acabou voltando pra lá com mais calma. O bairro é salpicado de pequenas galerias que escondem restaurantes, livrarias, lojinhas de arte e cafés.
O negócio é entrar e descobrir o que tem dentro de cada galeria.
As lojas de brinquedos, por exemplo, são particularmente encantadoras. Foi em uma delas que garantimos as lembrancinhas mais interessantes para as crianças da família.
Entre as opções gastronômicas, nós experimentamos o brunch do Cafe de La Candelária e o almoço do restaurante italiano Capperi. Só é bom lembrar que, em Santiago, os restaurantes costumam abrir às 13h para o almoço.
Para quem faz questão de incluir alguma atração no dia, uma boa opção podem ser os museus ao redor do Parque Quinta Normal: o Museu Nacional de História Natural, o Museu da Memória e dos Direitos Humanos, o Museu de Ciência e Tecnologia ou o Museu da Educação Gabriela Mistral. O parque fica a sete paradas da Estação Santa Isabel do Metrô, por onde passa a linha verde. Basta descer na Estação Quinta Normal (direção Plaza Maipú), adjacente ao parque.
Por motivos de “crianças”, nós fomos apenas no Museu de História Natural. E curtimos bastante a viagem pelos ecossistemas naturais do Chile.
Na saída, um enorme esqueleto de baleia-sei encanta os pequenos. Ele chegou ao museu em 1889.
Com essas atrações, seu dia já estará bastante bem-aproveitado.
7º dia – Vinícolas ou Viña del Mar + Valparaíso ou repetir o que mais gostou
Você já deve estar sentindo falta de duas atrações bem clássicas do roteiro de quem viaja pra Santiago: as vinícolas e a dupla litorânea Viña del Mar + Valparaíso. Para quem vai pela primeira vez ou está sem crianças, é mais do que justo incluí-las no roteiro, abrindo mão das atrações infantis e preenchendo os dias de “descanso” que eu mencionei acima.
Mas nós já conhecíamos Valparaíso e Viña del Mar da primeira vez que fomos a Santiago e, considerando o deslocamento necessário, preferimos deixá-las de lado dessa vez.
No meu planejamento inicial, eu cheguei a reservar um dia para uma visita a alguma vinícola nos arredores de Santiago. Mas, com o passar dos dias, o cansaço foi falando mais alto e eu acabei abrindo mão do passeio.
Por isso, o nosso sétimo dia foi dedicado basicamente a repetir as atrações que a gente mais gostou e preencher alguns vácuos do roteiro. Nós voltamos ao Palácio La Moneda para uma segunda tentativa frustrada de assistir à troca da guarda. Depois demos mais uma passadinha na Praça das Armas e na Paseo Bandera. Dali a gente resolveu aproveitar para conhecer o Museu de História Natural, seguindo mais uma vez a dica da nossa amiga Fabíola. E, de lá, a gente encerrou os ofícios turísticos dando a nossa última espiadinha no Bairro Itália.
Se quiser incluir o passeio às vinícolas ou à Valparaíso e Viña del Mar, basta seguir as dicas que o Ricardo Freire dá nesse post. Nele, tem várias outras atrações para você rechear à vontade sua ida a Santiago.
Excelente Tiago!! Nem parece a mesma viagem que fizemos, rs… Da próxima vez vamos programar exatamente o mesmo período, colar em vocês e aproveitar muito mais a viagem!!
Que venham as próximas! 🤗
Bjs pra vocês todos, Rafa
Que honra você por aqui, Rafa!! A companhia de vocês fez toda a diferença! Que venham as outras!
Bjão!