Beleza e Fé no Convento da Penha

publicado por Tiago dos Reis em 05 de fevereiro de 2011
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Não tem pra ninguém.

O Convento da Penha, em Vila Velha, é o cartão postal mais famoso e visitado do Espírito Santo. Também pudera! Além de coroar a religiosidade do povo capixaba com um monumento belíssimo e de grande importância histórica, o Convento ainda te proporciona uma das vistas mais impressionantes da baía de Vitória. Vai por mim: é ali, do alto daqueles 154 metros de altitude, que você vai tirar a foto-capa de seu álbum – virtual, é certo – da viagem ao Espírito Santo!

Fala que não é pra ficar de queixo caído com isso?

Ou isso?

Ou, quem sabe, isso?

E até mesmo isso?

Muito mais do que um simples cartão postal, o Convento da Penha é a “casa” da Padroeira do Espírito Santo: Nossa Senhora da Penha. Foi nesse exato local que Pedro Palácios guardou a sua imagem após encomendá-la de um artista em Portugal no ano de 1569. E é ali também que, séculos depois, milhares de fiéis e devotos se reúnem todos os anos, no início do mês de abril, para homenageá-la na maior festa religiosa do Espírito Santo (e terceira maior do país): a Festa da Penha.

A devoção do povo capixaba a Nossa Senhora da Penha é tamanha que se encontra marcada até mesmo na bandeira do Espírito Santo: diz-se que o rosa, o branco e o azul que a colorem são uma referência às vestes da Santa.

É por isso que, certamente, você já deve ter visto essa imagem estampada em algum folder de propaganda turística do estado.

A foto-clichê oficial do Convento da Penha

A história do Convento tem início com a chegada do frei espanhol Pedro Palácios ao Espírito Santo em 1558. Instalado em uma gruta no pé do morro da Penha, o Frei – que era franciscano – edificou, em 1562, uma capelinha dedicada a São Francisco de Assis no local que hoje é conhecido como largo do Convento. Mais à frente, porém, o Frei – que também era devoto de Nossa Senhora – inaugura, no dia 30 de abril de 1570, outra capela para abrigar os dois retratos da santa que ele trouxera de Portugal. Fixadas à beira de um “penhasco”, as imagens, que retratavam originalmente Nossa Senhora das Alegrias, logo passaram a ser adoradas como Nossa Senhora da Penha.

O Largo do Convento, repleto de carros, e a Capela de São Francisco

Sobre essa segunda capela – lá no cume do morro – é que foram erguidos os alicerces do futuro santuário.

As obras que definiram a configuração arquitetônica atual do Convento foram realizadas entre os anos de 1639 e 1670. A antiga capelinha foi paulatinamente transformada em complexo religioso: além da igreja, foram construídos o museu, a residência dos frades, a sala dos milagres (ou ex-votos) e um altar para missa campal.

No final do século XIX, o interior da igreja foi parcialmente revestido por madeira pelas mãos do escultor português José Fernandes Pereira. Em 1910 o altar-mor ganha os detalhes em mármore que ainda o ornamentam. E, finalmente, em 1940, o Convento ganha um novo portão de entrada, abrindo caminho para o acesso motorizado de fiéis e turistas.

O novo portão de acesso ao Convento

Antes da abertura desse novo caminho, o acesso ao Convento era feito exclusivamente por pedestres pela ladeira das penitências (ou das sete voltas), que fica ao lado da gruta do Frei Pedro Palácios. São ao todo 457 metros de extensão até o largo do Convento, em uma estradinha de pedras rústicas que serpenteia – ao longo de “sete voltas” – por dentro da mata atlântica nativa que cobre o morro da Penha.

A entrada da Ladeira da Penitência, ao lado da Gruta do Frei Pedro Palácios

Hoje em dia, no entanto, você não precisa necessariamente “pagar promessa” para conhecer o Convento. É possível acendê-lo também em carro próprio ou nas vans oficiais que fazem o transporte de fiéis e turistas pelo novo acesso.

A estrada é bem estreita, comportando apenas um carro em alguns trechos. Além disso, como a área para estacionamento lá em cima não é grande, a subida de carros após a lotação passa a ser controlada e só é permitida quando outro veículo sai pelo portão de entrada. É por isso que, na maioria das vezes, você vai encontrar uma pequena fila de carros já na Rua Antônio Ataíde – por onde você, geralmente, chega à Prainha – para subir o Convento. Mas não se estresse, nem tente levar vantagem sobre os demais visitantes. Em todas as vezes que fui, a espera nunca passou de 30 minutos. É só ter o cuidado de evitar os horários de missa… se você não for como fiel, claro!

O caminho para carros

Mas você ainda tem a opção de fugir da fila de carros subindo o morro do Convento nas vans oficiais que fazem o percurso de 15 em 15 minutos. Basta comprar o tíquete na Portaria que fica anexa ao portão de entrada (R$1,50 o trecho ou R$2,50 ida e volta) e esperar pela lotação no ponto sinalizado.

Aproveite a fila de carros para comprar souvenirs nas lojinhas que ficam ao lado do portão de acesso

Lá em cima, no local que se conhece como largo do Convento, há uma área para estacionamento, lanchonete, lojinha de souvenirs, banheiros, a Capela de São Francisco de Assis, um palco para missa ao ar livre e um mirante com vista para a baía de Vitória.

É bom fazer como esse moça aí de cima e abusar dos flashes! Dificilmente você conseguirá um ângulo maior e mais abrangente das cidades de Vitória e Vila Velha.

Para entrar no Convento você terá ainda que subir um pequeno lance de escadas com degraus de pedra. É nesse pequeno trajeto que você terá a oportunidade de apreciar os detalhes da construção do santuário e perceber como ele parece brotar daquela pedra!

Então, vale a pena aproveitar os 10 minutos de subida até a Igreja para tirar belíssimas fotos de perspectiva do monumento:

Lá dentro, o destaque fica por conta da ilustre presença das pinturas de Nossa Senhora legadas por Frei Pedro Palácios: para quem não sabe, a que foi trazida pelo Frei em 1558 é considerada o óleo sobre tela mais antigo das Américas. Mas, além delas, outros quadros de Vítor Meireles e Benedito Calixto também ornamentam os corredores da Igreja (como eu não me atentei para o horário das missas, não pude tirar fotos internas porque uma delas estava em andamento).

Definitivamente, a visita ao Convento da Penha é programa obrigatório para turistas – católicos ou não – interessados em conhecer um pouco da cultura e história do Espírito Santo. Mas quer saber? Ainda que você não se interesse por nada disso, eu te aconselharia fortemente a subir o Santuário para curtir o visual daquele morro. Duvido que você não se encante!

Informações úteis:

Para saber os horários das missas no Convento consulte: http://www.franciscanos.org.br/penha/.

Como chegar: vindo de Vitória pela Terceira Ponte, vire à direita logo após o radar, no primeiro acesso à Praia da Costa em Vila Velha. A partir daí, siga as placas que indicam a Prainha e/ou Convento. Mas, por favor! Não tente furar a fila de carros que você quase sempre vai encontrar na Rua Antônio Ataíde antes de virar na rua que dá acesso ao portão de entrada do Convento. Acredite. Eles estão ali pelo mesmo motivo que você!

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Comentários

  1. Ludmila Nascimento
    07 fev 2011

    Parabéns, Tiago, mais uma vez. Belo texto e belíssimas fotos.

  2. Silvia Mancini
    07 fev 2011

    Tiago, com certeza quem vai até lá não se arrepende!!
    Com seu texto me deu até saudade…ótimas palavras!!

  3. Fátima Coutinho
    24 abr 2011

    Vivie a minha infância aqui no Convento da Penha. Minha Religiosidade foi estruturada dentro da Sala dos Milagres do Convento da Penha. Euy, que hj tenho 48 anos, na época tinha 9/10 anos. Minha mãe(portuguesa) nos levava para as Procissoes e para as missas no Convento da Penha.

    Tenho muito Carinho por este Convento que me fez mais religiosa e mais Mariana de todas as mulheres do mundo.

    Viva Nossa Senhora da Penha!!!!….Viva Vila Velha!!!! Minha vida vai ficar sempre marcada por este cantinho do Brasil que eu amo muito. Religiosidade Pura!!!!

  4. Jéssica Gomes da Silva
    10 jun 2014

    Olá, Tiago!
    Estou montando um roteiro de passeios que farei durante minha viajem à Vitória, na primeira semana de julho/2014. Quero muito conhecer o Convento da Penha, mas estou em dúvida do trajeto até lá, pois estaremos sem carro. Tem ônibus de Vitória que nos leve até lá? E em media quanto tempo dura o percurso?

    Aguardo resposta, parabéns pelo ótimo post!

    Atenciosamente,
    Jéssica Gomes.

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