Verde Perene, Sol da Terra e Sabor Natura: o triunvirato vegetariano do Centro de Vitória
Quem me conhece sabe que eu sou um entusiasta do Centro de Vitória. Para além de todas as suas atrações turísticas (que você pode conhecer aqui), acho o cenário de ruelas, portos e casarios históricos do Centro um lugar perfeito para a fixação de uma zona gastronômica, boêmia e cultural alternativa aos redutos tradicionais da noite capixaba. Numa aproximação mais óbvia, o Centro tem tudo para ser a nossa Lapa, o nosso Ver-o-Peso. Só falta um pouco mais de visão dos nossos empresários para consolidar essa vocação.
Mas eu confesso que nem sempre foi assim. Esse meu entusiasmo com o Centro nasceu aos poucos, à medida que eu me acostumei a ele. É que eu trabalho no Centro há pelo menos 5 anos. E no início eu sempre o vi sob a ótica enviesada de um trabalhador: o da sobrevivência/subsistência. Como gostar de um lugar onde a paisagem é fria, o trânsito é ruim, o transporte público é deficiente, os estacionamentos são caros e as opções gastronômicas são fracas?
Pois então. Eu mesmo precisei de um grande esforço para me convencer a deitar o tal olhar compassivo e generoso que eu sugeri a vocês, leitores do Rotas, nesse post. Eu sempre vi o Centro como uma necessidade, não como um prazer. E para quem o enxerga assim, ele custa a agradar.
Principalmente se você almoça no Centro. Almoçar ali sempre foi um tormento pra mim. Eu não via qualquer salvação nas mil e uma opções de self-service que existiam – e ainda existem – por lá. Não se podia esperar nada além da saciedade pós-almoço. E não estou falando só dos restaurantes populares, não. A questão aqui não é econômica. Falo especialmente das opções mais “requintadas”, digamos assim. Em alguns restaurantes do Centro, paga-se caro para comer mal.
Mas repare bem. Tô falando isso tudo no passado: foi, era, via, podia. Felizmente, há luz no fim do túnel alimentar (e boêmio, também, diga-se de passagem!!!) do Centro. Empreendimentos recentes – e outros nem tanto – tem ajudado a tornar menos insossa a tarefa de almoçar por lá. Já temos um restaurante a la carte, com opções muito bem elaboradas de pratos executivos (o Bella Victoria), e um self-service bacaninha, com uma ótima comida caseira (o Gulosinho). Temos também o restaurante da Padaria Expressa, que ganha a minha menção aqui muito mais pelas sobremesas que pela comida. Mas, na minha opinião, o que tem verdadeiramente “iluminado” o cenário gastronômico do Centro de Vitória é um tipo de comida um tanto quanto controversa: a vegetariana. Sob a minha ótica carnívora, são três os restaurantes que vem fazendo do Centro o maior e melhor reduto de comida vegetariana de Vitória: o Verde Perene, o Sabor Natura e o Sol da Terra.
Dos três, o Verde Perene é o meu preferido. Eu acredito piamente que, no meio daqueles temperos de base oriental que eles costumam usar na comida, existe um que vicia. Não há outra explicação para eu lembrar e desejar tanto a comida de lá!
Agora mesmo eu daria tudo por uma lasanha de espinafre, uma torta de abóbora ou uma banana caramelada do Verde Perene.
Ahhhhh… a banana caramelada do Verde Perene! Não demora muito para ela ser tombada como parte do patrimônio cultural do Centro de Vitória! 😀
Mas a verdade é que eu já me considero até suspeito pra falar do Verde Perene de tanto que eu me apeguei ao lugar. Também pudera. O Verde Perene me conquistou não só pela comida, mas pela ambientação e, principalmente, pela simpatia dos donos.
O restaurante é comandado por uma família de taiwaneses que vieram para Vitória no final dos anos 90. Daí a inspiração oriental. Quem te recebe na porta é a mãe (e como eu gosto do jeito que ela nos recebe!), quem te serve e pesa o seu prato é a nora, quem comanda a cozinha é o pai e a avó, e quem fecha a conta é o filho. Todos com uma educação e simpatia contagiantes.
Na primeira vez que a Renata concordou em ir ao Verde Perene comigo, ela se surpreendeu com a receptividade da mamãe taiwanesa à porta. A carnívora ficou tão encantada que nem ligou de deixar sua guarnição preferida de lado por um dia. E como eu já imaginava, saiu morrendo de amores pela banana caramelada…
Sem falar que o ambiente do Verde Perene é extremamente reconfortante e acolhedor. Ele fica numa casa antiga, construída em plena Escadaria do Rosário, com amplas janelas que separam o caos da ordem.
Lá fora, você avista os prédios “caixotões” dos anos 50 e imagina o movimento frenético de carros e pedestres da Avenida Jerônimo Monteiro.
Lá dentro, você dá uma pausa nisso tudo com os detalhes que remetem às origens orientais da família.
E para coroar, há plaquinhas com mensagens de sabedoria em cima das mesas e um pacto de silêncio implícito entre os seus frequentadores que só é quebrado pelo som ambiente de uma música instrumental oriental.
Dá até pra você meditar bem no meio daquele dia corrido de trabalho! 😉
Meu horário de almoço no Centro de Vitória se tornou muito mais agradável depois que eu conheci o Verde Perene. E olha que nem vegetariano eu sou.
Mas eu confesso que o Sol da Terra, o vegetariano mais antigo do Centro, também me agrada bastante. Nem tanto pela comida, que é muito vegetariana para o meu lado carnívoro, mas pelo ambiente.
Digo que o Sol da Terra é vegetariano demais pro meu gosto porque, dos três, ele é o mais “radical”. Ele não é “só” vegetariano. Ele é natural e orgânico também. Não há nada que seja industrializado no restaurante, nem em matéria de bebidas (nem pense em pedir refrigerante para não passar vergonha!!!). E nem há frituras. Sem chances de você comer uma batata, banana ou ovo fritos pra compensar a falta de carne.
Mas em matéria de ambientação o Sol da Terra surpreende. O restaurante está localizado ao lado do Parque Municipal da Gruta da Onça e foi construído com o máximo de aproveitamento da geografia e vegetação originais do terreno.
O mobiliário de madeira e a quantidade de plantas e árvores faz você pensar que está no meio de uma floresta.
E se quiser, você pode até subir em uma das árvores para tirar uma soneca a la Tarzan.
Diferentemente dos outros dois restaurantes, o Sol da Terra funciona no esquema bufê. Você paga um preço fixo (R$16,00 homem, R$13, 00 mulher) para comer à vontade. Isso é o que menos me agrada por lá. Meu lado mão-de-vaca acha caro o preço pela quantidade de comida que o meu lado carnívoro me permite comer.
Mas, em termos de experiência gastronômica, o Sol da Terra é o mais interessante por esse esforço em se mostrar absolutamente incomum no cardápio e na ambientação.
Completando o triunvirato vegetariano do Centro de Vitória, temos o Sabor Natura.
Confesso que este é o que menos me encanta. Não que a comida não seja boa. Mas é que, embora o restaurante esteja localizado num casario antigo, não há nenhum esforço em deixar de ser um mero self-service.
A decoração é super-espartana.
Mas a comida agrada principalmente a quem, não sendo vegetariano, prefere não radicalizar. Pode até não ter carne, mas tem fritura. Então, dá pra compensar! 😉
Dizem, inclusive, que a batata frita do Sabor Natura é qualquer coisa de gostosa. Tem colega de trabalho meu que vai lá, toda quarta-feira, só por causa dela (alô, Vinicius! alô, Flavio!).
O único diferencial do Sabor Natura em relação aos demais é ter wi-fi. Os adeptos do Instagram ao vivo e em cores agradecem! 😀
Para os turistas que optam por fazer o roteiro dos monumentos históricos do Centro de Vitória que eu indico aqui, dá para encaixar o seu almoço em qualquer um dos três dependendo da sua localização geográfica. Como eu mostro no mapa aí abaixo, o Sol da Terra fica na “entrada” do Centro; o Verde Perene, no “meio”; e o Sabor Natura, no “final”.
Mas é bom lembrar que o Verde Perene e o Sol da Terra fecham no domingo; o Sabor Natura, aos sábados.
E para os moradores de Vitória, mais três dicas:
a) todo dia, o Verde Perene publica o cardápio no seu blog. Dá para você ir sonhando com a comida antes de se dirigir ao restaurante (mas a banana caramelada tem todos os dias!!!! :-D);
b) o Sol da Terra faz entrega de marmitex. Basta consultar o cardápio pelo site e fazer o pedido até as 11:00h pelo telefone (27) 3223-1205;
c) o Sabor Natura tem outras duas filiais: uma na Praia do Canto (na Avenida Rio Branco, 1726) e outra em Vila Velha (na Rua Henrique Moscos, 947).
Enfim, pelo menos no quesito “culinária vegetariana”, o Centro de Vitória vai muito bem, obrigado!
P.S.: peço desculpas pela qualidade das fotos. Elas foram tiradas do meu Ipod!
Informações úteis:
Verde Perene
Rua do Rosário, 114 – 1º e 2º pisos (Escadaria do Rosário), Centro, Vitória
Telefone: (27) 3019-6069
Horário: 11h às 14h30 (sábado de 11h30 às 15h; fecha aos domingos)
Preço do Kilo: R$28,90
Sol da Terra
Rua Barão de Monjardim (próximo à entrada do Parque da Gruta da Onça), 171, Centro, Vitória
Telefone: (27) 3223-1205
Horário: 11h às 14h30 (fecha aos domingos)
Preço: R$16,00 homem, R$13,00 mulher
Sabor Natura
Rua Treze de Maio, 50, lj 11, Centro, Vitória
Telefone: (27) 3324-6754
Horário: 11h às 14h30 (domingos e feriados até 15h; fecha aos sábados)
Preço do Kilo: R$20,90
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Esse post foi feito pra quando eu for a Vitória, é? 😉 Mas peraí! Nenhum deles tem a moqueca de banana da terra? Assim não vale! 🙁
Sabe que sua teoria sobre o Verde Perene pode estar certa? O meu vegetariano preferido em BH também é de uma família taiwanesa e agrada carnívoros e vegetarianos. Realmente há algo que vicia naquela comida!
Digamos que sim, Camila! 🙂
Tenho certeza que vc vai gostar. Mas a moqueca de banana da terra só é servida nos restaurantes de comida capixaba mesmo.
Legal as dicas dos restaurantes!
Eu como vegetariano sofro para comer em cidades menores, mas nas capitais é tranquilo.
Também fiz um tour por restaurantes vegetarianos no Rio.
Que bom que gostou das dicas, Rodrigo.
Trabalhei por anos no centro e depois arrumei um namorado(hoje marido!)que morava lá e acabei descobrindo muita coisa bacana. Esse Verde Perene acho que é antigo, ou não? Já comi ai com certeza. Meu pai sempre me levava a um restaurante vegetariano perto da Rua 7. Era bem simples mas ele amava e falava: vamos lá comer no vegetariano porque soja faz bem para saúde,hahaha. A comida era realmente muito boa, mas não sei se ainda existe.
Então, Liliana, eu não tenho certeza se o Verde Perene é tão antigo assim. Não consegui essa informação. Mas eu só o descobri recentemente. E agradeço todos os dias ao meu colega que me apresentou a ele. Meus almoços no centro se tornaram menos insossos, como eu falei acima. 🙂
Como meu amigo escreve bem… Até convence que comida vegetariana ‘e gostosa… Brincadeirinha! To com saudades demais de vc, da Gi, da Ju, da Renata e da turma toda. E quero conhecer esse restaurante tão elogiado… Bjs mil!!