Polenta com diversão!

publicado por Tiago dos Reis em 14 de outubro de 2010
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Funiculi, funiculá!

No último final de semana, entre os dias 08 e 10 de outubro, aconteceu a 32ª Festa da Polenta em Venda Nova do Imigrante, município da região serrana do Espírito Santo. E, como não poderia deixar de ser, estivemos lá para conferir e contar os detalhes desse evento, que é um dos mais tradicionais e populares do nosso Estado.

A Festa da Polenta celebra a força das tradições italianas que prevalecem até hoje entre os moradores da cidade de Venda Nova. Para quem não sabe, o município foi fundado por imigrantes italianos que chegaram ao Estado a partir do final do século XIX e enxergaram naquelas terras condições climáticas ideais para reproduzir um pouco de seu habitat natural. A cultura italiana se faz presente em cada canto de Venda Nova: no agroturismo das fazendas que gravitam em torno do município, no tom rosa da pele branca e nos olhos claros da maioria de seus habitantes, na culinária predominante e, claro, nas manifestações culturais, que tem o seu ápice com a Festa da Polenta. É nessa festa que Venda Nova mostra toda a sua “italianidade” para os visitantes e turistas: durante três dias, os moradores se unem voluntariamente para oferecer pratos típicos italianos – cujo protagonista é a polenta, claro – e voltam no tempo – em suas vestes e no cenário – para apresentar um pouco da história e da cultura dos seus ancestrais. Um show de engajamento e tradição!

O ginásio do Polentão

A festa acontece no famoso “Polentão”, como é carinhosamente chamado pelos moradores o Ginásio Padre Cleto Caliman. Uma estrutura gigantesca é montada para dar conta do número sempre crescente de visitantes. Entre os seus principais atrativos estão:

a) a Casa da Nonna – que reproduz o dia-a-dia das nonnas italianas em suas casas;

Casa da Nonna

b) o Paiol do Nonno – que retrata o ambiente e as atividades desenvolvidas pelas famílias italianas nas primeiras décadas da imigração (há, inclusive, a réplica de um engenho de cana puxado por uma junta de bois!);

Paiol do Nonno

  

Por dentro do Paiol do Nonno

e c) a Vila Cenográfica – que, desde 2004, decora os ambientes onde são servidas as comidas.

A Vila Cenográfica ao fundo

 No quesito programação cultural, a agenda é extensa. Além de uma dezena de shows musicais com bandas locais e grupos de tradição italiana, a direção da festa sempre escala “âncoras” para atrair o grande público. Nesse ano, Emmerson Nogueira e a dupla sertaneja Leo e Luan cumpriram o papel, nas noites de sábado e domingo respectivamente.

A hora do show

Mas nenhum artista “de peso” consegue ofuscar o brilho da maior celebridade da festa, a Rainha da Polenta. Após a eleição da rainha, que acontece logo na abertura do evento, é para ela que se voltam com mais freqüência os flashes das máquinas fotográficas, os olhares – alguns maliciosos até – dos marmanjos e a maledicência inofensiva (?) das mulheres. Mas nem seria pra tanto. Para ganhar o concurso, a moçoila nem precisa ser tão bela; o que importa mesmo é sua identidade com a cultura italiana.

Esse ano a eleita foi Thaís Zambão Falqueto.

Sua alteza, a Rainha

Dois outros momentos tradicionais da festa são ansiosamente aguardados pelos visitantes: o desfile do queijo gigante e o tombo da polenta.

O queijo gigante é produzido 10 dias antes pela Aagrope (Associação dos Agropecuaristas de Venda Nova). No sábado pela manhã, a equipe organizadora prepara um verdadeiro cortejo pela cidade para levá-lo até o Polentão, onde ele ficará exposto. No domingo, o queijo é fatiado e distribuído gratuitamente entre os presentes em meio a uma grande cerimônia.

Mas é o tombo da polenta o momento mais aguardado de toda a festa. Toda a polenta que é utilizada como matéria prima nos pratos típicos é preparada em um caldeirão gigante com capacidade para 1390 litros, instalado bem no meio do ginásio. Ali, 400 quilos de fubá são misturados a outros tantos litros de água e transformados em 1200 quilos de polenta após 5 horas de cozimento. Ao fim do processo, os visitantes são convidados a assistir ao famoso tombo da polenta ao som de “La Bella Polenta”.

Um verdadeiro espetáculo!

No quesito gastronomia, a Festa da Polenta – como o próprio nome sugere – presta uma homenagem à culinária típica dos imigrantes. É polenta pra tudo quanto é gosto: porção de polentinha, porção de polenta frita com queijo, porção de polenta mole com molho, porção de frango a passarinho com polenta, porção de pastelzinho de polenta, além do delicioso almoço com prato típico, que inclui polenta, macarrão, queijo, frango e lingüiça.

O tradicional prato típico

Os preços das porções variam de R$3,00 a R$5,00; o do prato típico é R$10,00. O único porém é a fila que você invariavelmente terá que enfrentar para provar cada um desses quitutes.

Em algum lugar dessa muvuca tinha uma fila

 Aliás, tá aí um ponto que, lamentavelmente, marcou de forma negativa as pessoas que vieram para a festa no último dia, o domingo. A quantidade de visitantes parece ter superado – e muito – as expectativas dos organizadores, pois as gigantescas filas que se formaram entregavam o descontrole e despreparo da cozinha. Os 1130 voluntários que emprestaram sua força de trabalho para a organização da festa neste ano não foram suficientes para evitar “o caos do almoço de domingo”. A espera por um prato típico durava, no mínimo, 1h30m, enquanto no stand das porções sequer era possível estabelecer uma previsão. O tumulto nesse setor foi potencializado porque não havia voluntários nem marcações para organizar a fila e evitar a ação dos espertinhos, que insistiam em “levar vantagem” pra cima dos politicamente corretos. Um marketing altamente negativo para quem conhecia a festa pela primeira vez!

Os transtornos do domingo levaram a organização a publicar um pedido de desculpas no site oficial da festa: leia aqui.

Acredito que a experiência desse ano resulte em mudanças na organização da festa para a próxima edição. Ficou claro que a logística de venda e entrega dos produtos precisa urgentemente de uma reformulação para melhorar o fluxo e o conforto dos visitantes. Mas, enquanto a solução definitiva para o tumulto não é implementada, fica a dica improvisada do “Rotas”: não deixe de conhecer a Festa da Polenta em Venda Nova no ano que vem. Mas faça um favor a sua paciência: vá no sábado!

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Comentários

  1. Camila
    24 out 2010

    Oi Tiago,

    Muito bom o seu post sobre a Festa da Polenta!
    Desde 2005 frequento a festa, e é exatamente como você contou. Faltou apenas falar que além do queijo, temos também a goibada gigante.
    Sobre o almoço de domingo sempre vem para a cidade ônibus e mais ônibus de excursão, só para passar o dia de domingo ,e realmente SEMPRE está lotado. Mas as confusões e demoras, que infelizmente ocorreram neste ano, não são sempre vistas. Aliás.. foi a primeira vez em que vi e vivenciei a espera interminável pela comida.
    Mas felizmente nossos organizadores perceberam a falha no prepara para atender a tantos turistas, e fizeram um pedido público de desculpa. Tenho certeza de que no ano que vem será MUITO melhor.

    Abraços,

    • 25 out 2010

      Ixi… a goiabada gigante passou despercebida por mim. rs
      Mas é isso aí.
      Acho que o tumulto desse ano foi anormal e não foi suficiente para apagar o sucesso da festa.
      Que venham as próximas!

  2. Danielle
    28 jun 2011

    Olá. Parabéns pelo blog. Sou carioca e moro em Vila Velha há dois anos. Aos poucos descubro maravilhas neste estado e seu blog tem ajudado muito. Estou planejando um passeio até VNI, mas estou com dificuldades de encontrar dicas de hotéis e pousadas. Você tem alguma sugestão??? Obrigada.

    • 28 jun 2011

      Que bom saber disso, Danielle!
      Olha só.
      Dentro da cidade de VNI o hotel mais interessante que eu conheço é o Alpes.
      Mas as pousadas de Pedra Azul ficam bem perto da cidade. Se estiver de carro, acho que vale a pena ficar em uma delas (prefira as que ficam mais próximas à Pedra mesmo) e esticar até VNI.
      Qq coisa, pode perguntar! Abs

  3. Danielle
    29 jun 2011

    Valeu Tiago. Anotei as dicas. Abç

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